terça-feira, 28 de maio de 2013

Casal hétero denuncia homofobia em tradicional restaurante da Avenida do Batel em Curitiba


Homofobia não incomoda apenas os gays. Em um ato de cidadania impressionante, um casal hétero de Curitiba denunciou a homofobia gritante que presenciou no tradicional restaurante A Pamphylia, na Avenida do Batel. Por curiosidade, Pamphylia, em grego, significa: “terra de todas as tribos”. Pelo jeito não é o que acontece neste restaurante italiano famoso por suas sopas.
Os namorados Wikerson Landin e Raquel Praconi foram jantar no restaurante neste domingo e saíram de lá atônitos com os comentários em voz alta de dois garçons direcionados a um casal gay que sentava próximo.  Depois de falarem forma pejorativa sobre um casal gay na mesa 42, que Landin não soube precisar se eram dois homens ou duas mulheres, ouviu uma das garçonetes dizer: “deveria haver uma lei proibindo isso, afinal onde já se viu ficar se beijando desse jeito”.
 
Ao reclamarem do tratamento aos outros clientes ao pagarem a conta, o casal teria sido confrontado por um dos garçons, identificado como Elias, que afirmou que o local não era para “desse tipo de coisa”. Até o gerente da casa teria sido complacente e disse que se houvessem crianças no recinto a casa teria que intervir: “caso aconteça coisas assim, como casais homossexuais se beijando na frente de crianças, a casa iria intervir, pois os clientes não são obrigados a ver isso”, contou o cliente que disse que o local era um dos seus prediletos mas que não irá retornar, já que ele mesmo, por outro motivo, poderia ser alvo de comentários maldosos por parte dos garçons indelicados.
Se você conhece quem era o casal gay citado, peça para entrarem em contato conosco. Parabéns ao casal que reagiu e não se calou frente a esta injustiça. Confira o depoimento denunciando a situação constrangedora:
“É com muito pesar que relato um incidente ocorrido na noite de hoje (26) no restaurante A Pamphylia, localizado no bairro Batel, em Curitiba. Antes de tudo, quero deixar claro que tinha essa casa com uma das minhas preferidas na cidade – característica que infelizmente não poderei associar mais a este lugar.
 
Eu e minha namorada fomos à casa hoje por volta das 21h. Comida muito boa, ambiente agradável até que percebemos, diante de nós dois garçons conversando sobre alguns dos clientes da casa. Os comentários em tom pejorativo se direcionavam à “mesa 42”, que segundo eles recebia naquele momento um casal gay (não sei se homens ou mulheres), que estaria se beijando ali.
 
Uma das garçonetes ressaltava a todo instante que devia “haver uma lei proibindo isso, afinal onde já se viu ficar se beijando desse jeito”, fato que contava com o apoio do outro garçom, este chamado Elias. Depois de um tempo eles saíram da posição em que estavam, foram servir outras mesas, mas posteriormente voltaram para o mesmo ponto – diante de nossa mesa – em que voltaram a falar sobre o assunto.
 
Os comentários, em voz alta e que podiam ser ouvida perfeitamente não só pela nossa mesa, mas por outros presentes, deixaram incomodada a minha namorada que, quando nos levantamos para pagar a conta, se dirigiu ao garçom Elias para dizer que “esse tipo de comentário não é correto e falar mal de outros clientes, diante de clientes é desrespeitoso e errado. Afinal, o que garante que depois de sairmos do lugar não seríamos os próximos alvos dos comentários”.
 
Para nossa surpresa o garçom Elias respondeu os comentários de forma ríspida, afirmando que todos tem direito a ter uma opinião e deixando claro que ali não era lugar “desse tipo de coisa”. Durante a “conversa”, quando indagado se gostaria de ouvir comentários desse tipo relacionados a ele, respondeu que “se garante e come mulher”.
 
Ao pagar a conta, comunicamos os fato a o gerente, que pediu desculpas pelo ocorrido, mas “remendou” a situação de forma ainda pior, afirmando que “caso aconteça coisas assim, como casais homossexuais se beijando na frente de crianças, a casa iria intervir, pois os clientes não são obrigados a ver isso”.
 
Enquanto pagávamos a conta e descrevíamos o fato para o gerente, o garçom Elias passou pelo caixa e, de maneira grosseira e estúpida, bateu a punho na mesa e disse “falei mesmo”, se dirigindo à cozinha. Apesar da promessa de que “os garçons não devem comentar coisas assim em público” e que “vamos conversar com ele porque isso não pode acontecer”, o que se viu foi não só um ato de homofobia, como um total desrespeito ao cliente.
 

 
Tendo em vista a maneira pouco receptiva com que a reclamação foi ouvida, é de se imaginar que nenhuma providência seja tomada – o que infelizmente deve fazer com que as coisas fiquem por isso mesmo. Se reclamar diretamente com o garçom não resolveu e reclamar com o gerente muito menos, infelizmente não me sinto à vontade par voltar ao lugar (que torno a dizer, era tido por mim como um dos melhores de Curitiba).
 
Ficaria muito feliz de saber que essa reclamação surtiu algum efeito ou que eventuais providências foram tomadas. Mais do que o ato homofóbico relatado acima, deixo a reclamação de um cliente insatisfeito que viu os funcionários da casa fazendo piadas em voz alta e comentando em tom jocoso suas opiniões sobre os frequentadores da casa. Deixando de ir ao local, fico ao menos com a certeza de que não serei alvo de comentários por estar agindo desta ou daquela forma em uma das mesas”.

Leia Mais: Casal hétero denuncia homofobia em tradicional restaurante da Avenida do Batel em Curitiba | Revista Lado A http://revistaladoa.com.br/2013/05/noticias/casal-hetero-denuncia-homofobia-em-tradicional-restaurante-avenida-batel-em#ixzz2Uco6K0qd
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Um comentário:

  1. Nota de retratação

    Conforme determinação judicial, vimos por meio desta postagem expressar retratação com relação às menções feitas ao senhor Elias Teixeira, em publicação nesta rede social, em 26 de maio de 2013, referente a um desentendimento ocorrido na mesma data em um restaurante na cidade de Curitiba, Paraná.

    Apesar dos acontecimentos relatados, entenderam a 4a Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba e o Tribunal de Justiça do Paraná, por meio da Apelação Cível nº 1.319.900-1, pela “inexistência de base fática” para amparar a publicação antes referida.

    Sendo assim, no intuito de dirimir quaisquer dúvidas que possam restar acerca do caso, manifestamos nessa postagem nossa retratação, conforme os Direitos e Garantias Fundamentais descritos no Art. 5, inc. V, da Constituição da República Federativa do Brasil.

    Sem mais, firmamos o presente

    Curitiba, 3 de agosto de 2015.


    Wikerson Paz Landim
    Raquel Praconi Pinzon

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