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domingo, 23 de fevereiro de 2014

50% dos universitários são analfabetos funcionais

Pesquisa feita com 800 estudantes revela que a metade não entende o que lê, principalmente os que vieram de escola pública e estudam em instituições privadas
 

 A dificuldade de ler é apresentada mesmo em textos simples.
 
De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Católica de Brasília, a partir da análise de 800 alunos, em 6 cursos de 4 faculdades, 50% dos estudantes do ensino superior são analfabetos funcionais, ou seja, não entendem o que leem. O levantamento mostra também que a maior parte destes veio de escolas públicas e estuda em instituições particulares.

A pesquisa avaliou o modo de estudo, tempo de dedicação, características sociais, culturais e a formação de origem. A conclusão é de que a maior parte dos estudantes não tem o hábito de estudar, aprende de forma superficial e geralmente decora o conceito, ao invés de compreender.

Ter taxas tão altas de analfabetismo funcional no ensino superior revela a farsa do sistema educacional brasileiro. A farsa é ainda maior no ensino básico público, voltado para os filhos da classe operária, que são voltados para tirar qualquer interesse da juventude pobre em aprender e se desenvolver. E no ensino superior privado que é voltado para o lucro e devido aos programas do Governo Federal, também reúne uma maioria de pobres que não conseguem passar pelo filtro do vestibular das universidades públicas.
Esta pesquisa não foi a primeira a indicar o problema. O último Inaf (Indicador de Analfabetismo Funcional), feito em 2012, apontou que 38% dos estudantes universitários seriam analfabetos funcionais, através de pesquisa com 2 mil pessoas.

Para reverter este quadro, é necessário exigir a imediata estatização do ensino no país e coloca-las sob o controle direto da população. Somente assim, é possível garantir que o investimento seja usado em prol da educação e não para o atual esquema meramente formal.

Fonte: http://www.pco.org.br/educacao/50-dos-universitarios-sao-analfabetos-funcionais/aeaj,i.html

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Libertação imediata dos presos políticos de 15 de outubro de 2013 no Rio de Janeiro.

Libertação imediata dos presos políticos de 15 de outubro de 2013 no Rio de Janeiro. 

" No dia 15 de outubro de 2013, na cidade do Rio de Janeiro, a Polícia Militar deteve mais de 200 pessoas de forma aleatória ou porque estavam sentadas nas escadarias da Câmara Municipal. Destas, mais de 60 foram autuadas pela Polícia Civil e permanecem presas, a maioria foi acusada de formação de quadrilha. Exigimos a imediata libertação de todos os presos políticos! "

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Como criar um filho gentil com tanta violência masculina contra mulheres?


"A ideia de ter um filho me assustou". Se a violência masculina é a maior ameaça às mulheres, como criar um filho gentil?

Por Christopher Zumski Finke, original em Yes! Magazine. Tradução de Isadora Otoni.
A ideia de ter um filho me assustou: Que tipo de homem ele se tornará quando crescer? Confira abaixo o que eu aprendi sobre como criar um homem com compaixão

Minha mulher e eu tivemos Rhodes, nosso primeiro filho, há quatro meses. Isso é o que eu mais me lembro daquela primeira semana: o cheiro de sua pele e sua respiração quando ele dormia no meu colo em nossa cama – pequeno, quentinho, e frágil, como um ovo. Eu respirava o cheiro da vida mais nova que já encontrei enquanto ele dormia.
Ele não era pequeno demais, mesmo assim eu ficava maravilhado por como esses novos seres humanos chegavam tão minúsculos. Nós, a criatura mais dominante da Terra, começamos a vida tão desamparados, e vermelhos, e bonitos. Sabia, enquanto ele descansava apertado contra meu coração, que faria qualquer coisa para protegê-lo, amá-lo, e apresentá-lo ao mundo.
Mês passado, quarto homens na Índia foram sentenciados a morte por estuprar e matar com tanta brutalidade que quase não acreditei. Na semana anterior, quatro jogadores de futebol americano da Universidade Vanderbilt foram acusados de estuprar uma mulher inconsciente (algo muito parecido como os eventos do último ano em Steubenville, Ohio). E durante a primavera anterior, pouco antes de Rhodes nascer, Ariel Castro foi preso em Cleveland por aprisionar três mulheres – sequestrada quando jovens – em sua casa durante dez anos.
Essas e outras histórias constantemente enchem nossas redes sociais, programas de tevê, jornais, mídias sociais, blogues… É quase impossível evitar histórias de violência, estupro, e dominação. Viver decentemente já é difícil suficiente sozinhos, e agora preciso criar um filho corretamente em um mundo que é, em parte, caracterizado pela violência masculina.
Louis CK resume isso melhor: “Não existe ameaça maior às mulheres do que os homens. Nós somos o número um em ameaça às mulheres. Globalmente e historicamente, nós somos o número um em danos e lesões às mulheres”. E eu me preocupo que ele esteja certo.
Agora que eu sou um pai, me deparo com essa questão constantemente: Como criar um filho com compaixão e dignidade? Um homem que respeita mulheres?

Menino ou menina?

No começo da gravidez, minha mulher e eu discutimos se preferíamos criar um menino ou uma menina. Isso estava totalmente fora do nosso controle, mas a conversa mexeu comigo: menino ou menina? Nós criamos um mundo de coisas belas assim como coisas terríveis. Eu submeteria um menino ou uma menina a isso?
Enquanto esperava nossa criança, minha preocupação quanto às notícias de violência sexual atingiram novos patamares, e influenciaram o que pensava sobre criar um menino ou uma menina.
criar filho pai
O autor do artigo com seu filho, Rhodes, em casa (Arquivo pessoal de Christopher Zumski Finke)
Uma menina, o primeiro pensamento que tive, poderia estar protegida. Me preocupei com sua segurança, mas pensei que poderia protegê-la das ameaças domésticas contra mulheres.
Mas um menino, isso realmente me assustou. Meninos são as ameaças domésticas contra mulheres. Se eu tivesse um menino, nós deveríamos criar um homem. E que tipo de homem ele seria?

Tenho dificuldades imaginando meu filho como qualquer outra pessoa diferente da criança inocente que ele é hoje. Minha hipótese é essa: Eu serei um bom pai e ele será um bom garoto. Mas eu não posso ver o futuro. Eu o amo e quero que ele ame aos outros, quero que ele seja gentil, seja responsável por suas ações, e trate as outras pessoas com respeito. Eu quero que ele aprenda com o homem que escolheu esse comportamento, e não o poder e abuso.

Homens como Pacificadores

“Isso é endêmico.” Esse é Ed Heisler, diretor executivo da Homens como Pacificadores, falando sobre as estatísticas de violência sexual e abuso doméstico.
“Essa é o ar social que os jovens estão respirando enquanto crescem”, ele me disse. “A mídia, o ambiente esportista, o jeans, os adultos que vendem jeans, os pais, as professoras que temos nas escolas, os líderes religiosos – todos criam um ambiente que normaliza a dominação e o controle do homem.” Ele escolheu a palavra certa: endêmico. “É assim há algum tempo e permanecerá assim até que algo no ambiente social mude.”
A entidade Men as Peacemakers (Homens como Pacificadores, em tradução livre) foi fundada em Duluth, após a comunidade se chocar com uma série de assassinatos cometidos por homens nos anos de 1990. Quando os cidadaõs se reuniram para discutir o combate à violência em sua cidade, a maioria presente era de mulheres. Isso preocupou alguns dos homens, que convocaram um retiro de 55 homens da área para discutir seus papéis e suas responsabilidades para diminuir a violência. Uma das iniciativas que nasceu do encontro foi a Men as Peacemakers, cuja missão é ensinar alternativas não violentas a homens e garotos, e que a violência era inaceitável.
Procurei por Heisler com uma questão honesta: Como criar meu filho para ser um homem preocupado em fazer sua parte para mudar o ambiente social que subjuga as mulheres?
A entidade tenta mudar esse ambiente incorporando exemplos e mentores por toda a comunidade. Por exemplo, O Festeiro Exemplar, um programa coordenado com a faculdade College of St. Scholastica, tenta reformular a cultura de festas na América para uma que é segura e equitativa às mulheres. Eles fazem isso colocando mentores nas escolas, colégios, organizações juvenis, e outros lugares onde jovens podem ter uma conversa honesta sobre sexualidade e festas. E acontece que a linguagem e a conversa formam as atitudes de homens jovens em relação às mulheres.
Mencionei uma anedota da edição deste ano da Exposição de Entretenimento Eletrônico. Durante a apresentação da Microsoft do novo Xbox One, o jogador masculino e MC deu um beatdown virtual na jogadora antes da audiência ao vivo, dizendo a ela: “Apenas deixe acontecer. Terminará rapidinho.”
Em uma cultura em que o discurso de dominação e abuso são socialmente permitidos (videogames), essa é a linguagem dominante – e a linguagem que usamos importa. A língua pode tanto capacitar quanto objetivar. (Compare os resultados de “college women” e “college girls” na busca do Google Imagens, e aí você verá o meu ponto).
A Iniciativa dos Campeões, outro programa do Homens como Pacificadores, reúne atletas universitários com jovens e trabalha diretamente com as associações esportistas e treinadores para garantir que a prevenção da violência contra mulheres faça parte de suas missões.
Desde que a tentativa de estupro de Steubenville focou na cultura dos esportes e na violência sexual, Heisler acredita que esse ambiente é crítico. Ele usa o caso de Steubenville em um exercício de imaginação em que pede aos meninos para “pensar naquela jovem de Steubenville como um garotinho” e considerar como seu ambiente se parece: “De alguma forma aquelas crianças aprenderam o que seu senso de humor era e como aquela mulher era apenas um objeto de prazer para os homens – algo que não importa, no qual eles podem urinar, do qual eles podem usar, fazer o que eles quisessem e não se importar. Essa não foi a forma como nasceram.”
Então, talvez os homens são a pior coisa que já aconteceu para as mulheres, mas nós não nascemos assim. Nós aprendemos isso. Mesmo bem intencionados, jovens responsáveis são capazes de tomar decisões terríveis se são encorajados, preparados, ensinados a fazer o contrário.
Então, perguntei a Heisler diretamente: Você está falando com um recém papai. O que é mais importante, diga um conselho fundamental que você pode me dar para que eu tenha certeza de que as crianças que estou criando não serão um problema aos direitos humanos?
Sua resposta? Crie um ambiente inteiramente novo para o rapaz:
“Novos pais têm a oportunidade e responsabilidade de pensar proativamente em como moldar e providenciar um novo ambiente para uma criança, um que irá definir os papéis e expectativas de igualdade, dignidade e respeito entre homens e mulheres.”
Isso significa não só ser um exemplo em como tratamos as mulheres, as parceiras e as desconhecidas em público, mas também em o que achamos sobre o nosso lar e os lugares que frequentamos.
“Nós estamos tentando criar um mundo em que pais – homens – estejam dando um passo adiante e pensando de verdade sobre como criarão um novo ambiente que promova igualdade de gêneros e respeito a mulheres.” Heisler me disse. “Nós temos uma corrente nos puxando para a direção contrária. Exige muito esforço para criarmos um ambiente que influencie nossos jovens.”

Mudando a corrente

Uns dias antes, tomei uma cerveja com Todd Bratulich e Luke Freeman. Depois de toda a pesquisa sobre violência e dominação, eu queria me refrescar. Todd é um jovem pastor na Primeira Aliança (First Covenant), uma igreja comunitária urbana em Minneapolis; Luke, um professor de ensino médio. E mais importante: assim como eu, eles têm filhos pequenos.
Conversamos sobre como sermos bons homens que amam suas esposas, seus familiares e seus amigos, e como queríamos criar um ambiente agradável para nossos filhos crescerem. Nós todos nos sentimos bem por nos comprometermos com essas questões, pensando que estamos fazendo a nossa parte – nós não fazíamos parte da cultura de violência contra mulher.
E então, sentindo a nossa autossatisfação, Luke disse: “Nos apunhalamos pelas costas porque criamos muitas expectativas para nós mesmos, apenas vamos seguir em frente e aproveitar o nosso privilégio.”
E percebi, não tinha feito nem um pouco a minha parte. Não ainda. Tratar minha esposa com amor e gentileza é vital, claro. Mas também é o mínimo.
Nós devemos ser ativos, criativos, cheios de propostas para estender esse comportamento em todo momento de nossas vidas se queremos ser pacificadores, devemos nadar contra a corrente e criar o espaço necessário para criarmos nossos filhos com empatia e compaixão.
Nós três levantamos nossos copos para brindar o desafio, e voltamos para casa para ver nossos filhos.
via Revista Fórum

Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/10/criar-filho-gentil-tanta-violencia-masculina-mulheres.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PragmatismoPolitico+%28Pragmatismo+Pol%C3%ADtico%29

Cansei de ser princesa: 24 fantasias que vão deixar as meninas ainda mais poderosas

Cabelos perfeitos, maquiagem, castelo, um drama e um príncipe encantado. Os contos de fadas fizeram parte da nossa infância e ainda permeiam a imaginação das crianças. Mas, o universo infantil feminino é muito mais do que esperar um final feliz.

Confira galeria de fotos que tira o rótulo de princesa frágil e delicada das meninas, e dá super-poderes, muita diversão e algumas lições de história para elas.

The pint-size Queen of Naboo.

Brave Amelia Earhart, all set to fly solo across the Atlantic Ocean.
Mini-Frida, complete with an unbelievably great unibrow.

A tiny TARDIS that proves the next Dr. Who should be a lady.

Bill's itty-bitty bride.







Doctor in training.






The future queen of hearts.

Fonte: http://catracalivre.com.br/geral/design-urbanidade/indicacao/cansei-de-ser-princesa-24-fantasias-que-vao-deixar-as-meninas-ainda-mais-poderosas/

Imagens: http://www.buzzfeed.com/erinlarosa/badass-halloween-costumes-to-empower-little-girls

quinta-feira, 13 de junho de 2013

1° SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO, CULTURA E COMUNIDADE | 15 de junho

Você que é artista, educador social, arte-educador, professor ou professora, coordenador pedagógico, diretor de escola ou que é integrante em grupos e coletivos. A Universidade das Culturas - UniCult Campinas convida todos vocês.

MIS - Campinas
Palácio dos Azulejos - Rua Regente Feijó, 859 - Centro - Campinas (SP)

Saiba mais:
http://www.facebook.com/photo.php?v=398389280274442&set=vb.100003101214818&type=2&theater


 

I Seminário sobre Teoria Queer e Educação: (Re) pensando as diferenças no Brasil

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Após apoiar dia do homem de saia, cartunista Laerte fará palestra na USP

Publicado em Terça, 21 Maio 2013
Para artista que se veste como mulher, reação dos alunos é 'revolucionária'.
'A universidade é um lugar de debate das questões do nosso mundo', diz.

laerte 

Laerte Coutinho, cartunista que está na lista de inspirações de vários estudantes homens que decidiram vestir saia na Universidade de São Paulo (USP), afirma que se envaidece quando descobre que serve de exemplo para jovens interessados em quebrar padrões e que apoia o movimento de alunos e alunas da instituição contra o preconceito de gênero. Por se interessar em estar perto de ações desse tipo, Laerte aceitou o convite de professoras do curso de têxtil e moda para visitar a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), no campus da Zona Leste da instituição, e dar uma palestra no dia 6 de junho.
Em entrevista ao G1, Laerte afirmou que gosta de se envolver nos grupos que demonstram uma "reação ativa" ao preconceito porque considera positivo o debate público sobre questões que historicamente são vividas de maneira individual. Em seu caso específico, Laerte se considera uma travesti, mas diz não se importar se outras pessoas a tratem como homem ou como mulher, mas na entrevista referia-se a si próprio como "ela".

"Passei 60 anos sendo tratado como homem, não é agora que vou me incomodar. Gosto de me sentir mulher, de me sentir feminina, mas nem é isso tudo, também contesto o que seja mulher, feminino. Essas coisas todas são conceitos que estão em discussão."

Para Laerte, o fato de hoje em dia esse debate ser abordado publicamente é "ótimo", porque o drama das pessoas que desafiam as identidades de gênero impostas são uma aflição que não precisa ser vivida como experiência isolada. "Quando essas experiências todas se tocam entre si, as coisas se colocam de forma mais produtiva, essa reflexão pode ajudar todo mundo a lidar com a questão de gênero, de orientação sexual, a parar de se comportar como se tudo fosse uma regra imutável", disse.

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Na quinta-feira (16), alunos da USP combinaram de vestir roupas que fogem do padrão para incentivar a reflexão sobre o preconceito

No caso do "saiaço" promovido por centenas de estudantes da USP na última quinta-feira (16), Laerte considera que a "rebeldia" dos e das estudantes em relação aos padrões é "saudável e até revolucionária", porque questiona "essa ordem que nos é impingida desde antes que a gente nasça".
Laerte elogiou a resposta dos e das estudantes da USP, mesmo os que não sentem insatisfação quanto à sua identidade de gênero, ao se depararem com a ofensa que um estudante do curso de têxtil e moda recebeu de colegas nas redes sociais por ter ido às aulas vestindo uma saia xadrez no fim de abril.

Universidade e direitos civis
A discussão sobre a identidade de gênero, a orientação sexual e a diversidade deve ser abordada tanto dentro das instituições de ensino quanto em outros espaços da sociedade, segundo Laerte.
"Estamos falando de uma questão que diz respeito à vida, ao modo como as pessoas se relacionam. É um tema que precisa e pode ser discutido onde se apresentar, em qualquer lugar, na universidade, no governo, nos clubes, nas escolas de samba, em qualquer lugar que essa questão se apresentar. Ela diz respeito a direitos civis", disse.

Fora isso, afirma, "a universidade é por natureza também um lugar de debate e discussão das questões do nosso mundo, da nossa cultura, da nossa sociedade, e essa sem dúvida é uma delas".
Desde que assumiu publicamente o 'crossdressing' (quando um homem se veste como mulher, e vice-versa), o nome de Laerte sempre é lembrado por estudantes que decidem seguir o mesmo caminho. Mesmo homens heterossexuais e que nunca pensaram em se vestir de modo considerado feminino citam a cartunista como inspiração. Foi o caso de um estudante da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) que, em 2012, vestiu uma saia escocesa para ir às aulas e experimentar o preconceito.

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Na USP Leste, o estudante Vítor Pereira (de saia amarela) desfila com os colegas (Foto: Sérgio Castro/Estadão

"Eu me sinto envaidecida", afirma Laerte sobre ter se tornado modelo para outras pessoas. "O que estão experimentando também é o prazer e o gozo da quebra dos códigos, de violar esse cânone, sair dessa gaiola, mesmo que estejam satisfeitos com a identidade de gênero. A gente vive sob regras muito rígidas que não se limitam a dizer o que a gente tem que vestir, que tipo de cor tem que gostar, mas que tipo de corpo a gente tem que ter."

Fonte:




Enquanto o país ocupa o penúltimo lugar em ranking de educação, disseminam-se funk e violência em salas de aula

Segundo ranking realizado pela Pearson Internacional (referido em matéria de O GLOBO), o Brasil ocupou, em uma lista de 40 países, a penúltima colocação - a despeito de constituir a sexta economia do Mundo -, estando à frente apenas da Indonésia. Tal ranking utiliza informações de resultados de três testes aplicados a alunos do 5º e do 9º ano do ensino fundamental.

Os dados provém do PIAE (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), do TEIMC/TIMSS (Tendências de Estudo Internacional de Matemática e Ciência) e do PEIA/PIRLS (Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização). Tais índices abrangem resultados e habilidades matemáticas, científicas e de leitura.
 

Neste contexto, proliferam-se, nas escolas, demonstrações eróticas - quando não pornográficas - de funk, realizadas por menores de idade, agressões de alunos contra professores, brigas entre gangues e espancamentos realizados entre alunos. 

Ao mesmo tempo, noticiam-se, diariamente, fechamentos de escolas, redução em valores de investimentos na educação pública, acréscimo de violência no interior das escolas e no entorno, além de índices preocupantes no que toca aos resultados em aprendizagem. Infelizmente, as "novidades" acabam se restringindo ao lado negativo, não havendo melhorias, ainda que mínimas, no estado da educação pública. Infelizmente, poucos ainda podem entender esta situação, pois os índices de analfabetismo funcional, lamentavelmente, crescem e atingem níveis absurdos. Até quando perdurará esta situação?

Caio Barbosa é sociólogo.
Fonte:
http://www.folhapolitica.org/2013/05/enquanto-o-pais-ocupa-o-penultimo-lugar.html

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Audiência Publica: Não á redução da Maioridade Penal


VXI Enapol - Unidade e Pluralidade na Linguistica


Programação

PROGRAMAÇÃO GERAL
 MESA 01 – (20 de maio)
A unidade e a pluralidade na história da Linguística enquanto campo do conhecimento
Profa. Dra. Olga Coelho
Profa. Dra. Esmeralda Negrão
MESA 02 – (21 de maio)
Linguística e tecnologia: Relendo Saussure à luz de desdobramentos atuais da Ciência da Língua
Prof. Dr. Marcos Lopes
Prof. Dr. Marcelo Ferreira
Fernanda Canever
MESA 03 – (22 de maio)
Saussure e o Estruturalismo hoje
Prof. Dr. Waldir Beividas
Lucas Shimoda
MESA 04 – (23 de maio)
Sincronia e diacronia na língua: como integrar essas noções a serviço da descrição e da teorização linguística
Prof. Dr. Thomas Finbow
Prof. Dr. Paulo Chagas
MESA 05  – (24 de maio)
Unidade e Pluralidade na (Socio/Etno)linguística
Prof. Dr. Ronald Mendes
Profa. Dra. Margarida Petter

O Racismo Visual no Currículo Lattes.



por marcos romão

Minha avó sempre me dizia para não procurar chifre em cabeça de cavalo. Ela desconhecia, que o paquiderme palomino do racismo brasileiro, possui um chifre invisível, que distribui chifradas nas horas que você baixa a guarda.
Feliz, em uma manhã de segunda-feira, comecei a registrar a minha cor em meu “Currículo Lattes”, no Portal do CNPQ, a porta visual da nata profisional e produtora do conhecimento do meu imenso Brasil.
Já não era sem tempo. Sociólogo  há 35 anos, com registro profissional nº 99 na carteira de trabalho e negro há mais tempo, morro de curiosidades em saber a cor dos outros primeiros cem sociólogos, que tiveram o privilégio de poderem exercer a profissão, assim que ela foi reconhecida pelo governo brasileiro, ainda em plena ditadura militar.

Saber a cor dos meus parceiros de profissão é uma curiosidade científica, mas sobretudo afetiva e política.
Minha turma na UFF formou-se em 1978. Éramos éramos tres negros que cursavam a egrégia e perseguida, escola fluminense de ciências sociais, que cultivava as mentes, dos futuros produtores do conhecimento de meu país. Nossa turma teve como homenageado, o AI5, que não precisou ser convidado, pois sempre esteve presente.
Éramos uma Marlene e dois Joãos, Oliveiras, Paivas e Romãos. Todos pertencentes à plebe ignara, que assanhada, começava a falar  por todo Brasil, que era negra e vinha para balançar o coreto da academia dos brancos contentes consigo mesmo.
O outro João não estava lá, soube que completou o curso depois. Carioca do subúrbio, teve problemas com os costumes racistas de Niterói, minha cidade natal.
Foi namorar logo a filha de um juiz, que apesar de esquerda, era um juiz de Niterói. Dançou, pois ficou visível demais. Nós negros não caíamos pela politica, fichinhas que éramos, bastava plantar um dólar de maconha em nossos bolsos, para aniquilar nossas carreiras. Todos fumavam, mas ó nós dançávamos por sermos “maconheiros plebeus” metidos a dormir com as filhas dos fidalgos.
Fiquei feliz em saber anos atrás, que o meu amigo João completara o curso depois da cadeia foi para São Tomé. A ONU e o “exílio permanente” sempre arranjam um emprego para os cérebros negros brasileiros, ainda bem. Está vivo, creio eu.
Marlene de Oliveira, mulher e negra, não teve a nossa sorte de homens negros, que aprenderam os truques para enganar o racismo  acadêmico e chegar aos 60 cheios de gás para continuarem pensando . Marlene morreu.
Fundadora do grupo produtor de novos conhecimentos sobre o Brasil, o ” Grupo de Estudos André Rebouças” da UFF, ela que era a grande acadêmica entre nós três, morreu de pós-parto e sangramento na flor da idade.
Fruto do investimento de gerações seculares, a mulher negra e acadêmica Marlene, morreu como morrem milhares de negras, por incúria e racismo institucional dos hospitais.
Solidária como sempre, acadêmica, continuou negra e morreu como uma igual. Abandonada pela sistema, que nunca reparou que ela existia.
O racismo brasileiro, está melhorando. Melhorou pois mostra a sua cara, ou as suas mãos sempre lavadas da omissão.
A omissão dos produtores do conhecimento no Brasil em relação ao racismo e as desigualdades raciais é tão gritante, que não bastam números, estatísticas e denúncias para fazê-los acordarem.  A impressão que se tem é que não querem mesmo ver o racismo. Ver o racismo é ver como agem os produtores de textos e de artes visuais e responsáveis por suas edições (friso isto para que não culpem seus estagiários da programação).
Racismo no Brasil existe e chifre em cabeça de cavalo cientista também. Minha avó e a cientista social Marlene de Oliveira, se vivas, poderiam confirmar:
Na chamada principal do portal feito pelo CNPQ, para que  anunciemos ao mundo a nata da produção epistemológica brasileira, o CNPQ nos demonstra o racismo institucional, que de subliminar, só tem o cavalo, pois o chifre está escancarado.
Na página do CNPQ aparecem cientistas brancos, estudantes com olhares inteligentes também brancos, mãos brancas que digitam nossos destinos e um negro de outro planeta, que sentado, sorri agradecido, sob o o olhar condescendente de um professor branco
.
Fonte:

domingo, 19 de maio de 2013

Antonio Cândido indica 10 livros para conhecer o Brasil



Quando nos pedem para indicar um número muito limitado de livros importantes para conhecer o Brasil, oscilamos entre dois extremos possíveis: de um lado, tentar uma lista dos melhores, os que no consenso geral se situam acima dos demais; de outro lado, indicar os que nos agradam e, por isso, dependem sobretudo do nosso arbítrio e das nossas limitações. Ficarei mais perto da segunda hipótese. Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.

Por isso, é sempre complicado propor listas reduzidas de leituras fundamentais. Na elaboração da que vou sugerir (a pedido) adotei um critério simples: já que é impossível enumerar todos os livros importantes no caso, e já que as avaliações variam muito, indicarei alguns que abordam pontos a meu ver fundamentais, segundo o meu limitado ângulo de visão. Imagino que esses pontos fundamentais correspondem à curiosidade de um jovem que pretende adquirir boa informação a fim de poder fazer reflexões pertinentes, mas sabendo que se trata de amostra e que, portanto, muita coisa boa fica de fora.

São fundamentais tópicos como os seguintes: os europeus que fundaram o Brasil; os povos que encontraram aqui; os escravos importados sobre os quais recaiu o peso maior do trabalho; o tipo de sociedade que se organizou nos séculos de formação; a natureza da independência que nos separou da metrópole; o funcionamento do regime estabelecido pela independência; o isolamento de muitas populações, geralmente mestiças; o funcionamento da oligarquia republicana; a natureza da burguesia que domina o país. É claro que estes tópicos não esgotam a matéria, e basta enunciar um deles para ver surgirem ao seu lado muitos outros. Mas penso que, tomados no conjunto, servem para dar uma ideia básica.


Entre parênteses: desobedeço o limite de dez obras que me foi proposto para incluir de contrabando mais uma, porque acho indispensável uma introdução geral, que não se concentre em nenhum dos tópicos enumerados acima, mas abranja em síntese todos eles, ou quase. E como introdução geral não vejo nenhum melhor do que O povo brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro, livro trepidante, cheio de ideias originais, que esclarece num estilo movimentado e atraente o objetivo expresso no subtítulo: “A formação e o sentido do Brasil”.

Quanto à caracterização do português, parece-me adequado o clássico Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda, análise inspirada e profunda do que se poderia chamar a natureza do brasileiro e da sociedade brasileira a partir da herança portuguesa, indo desde o traçado das cidades e a atitude em face do trabalho até a organização política e o modo de ser. Nele, temos um estudo de transfusão social e cultural, mostrando como o colonizador esteve presente em nosso destino e não esquecendo a transformação que fez do Brasil contemporâneo uma realidade não mais luso-brasileira, mas, como diz ele, “americana”.
Em relação às populações autóctones, ponho de lado qualquer clássico para indicar uma obra recente que me parece exemplar como concepção e execução:História dos índios do Brasil (1992), organizada por Manuela Carneiro da Cunha e redigida por numerosos especialistas, que nos iniciam no passado remoto por meio da arqueologia, discriminam os grupos linguísticos, mostram o índio ao longo da sua história e em nossos dias, resultando uma introdução sólida e abrangente.

Seria bom se houvesse obra semelhante sobre o negro, e espero que ela apareça quanto antes. Os estudos específicos sobre ele começaram pela etnografia e o folclore, o que é importante, mas limitado. Surgiram depois estudos de valor sobre a escravidão e seus vários aspectos, e só mais recentemente se vem destacando algo essencial: o estudo do negro como agente ativo do processo histórico, inclusive do ângulo da resistência e da rebeldia, ignorado quase sempre pela historiografia tradicional. Nesse tópico resisto à tentação de indicar o clássico O abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco, e deixo de lado alguns estudos contemporâneos, para ficar com a síntese penetrante e clara de Kátia de Queirós Mattoso, Ser escravo no Brasil (1982), publicado originariamente em francês. Feito para público estrangeiro, é uma excelente visão geral desprovida de aparato erudito, que começa pela raiz africana, passa à escravização e ao tráfico para terminar pelas reações do escravo, desde as tentativas de alforria até a fuga e a rebelião. Naturalmente valeria a pena acrescentar estudos mais especializados, como A escravidão africana no Brasil (1949), de Maurício Goulart ou A integração do negro na sociedade de classes (1964), de Florestan Fernandes, que estuda em profundidade a exclusão social e econômica do antigo escravo depois da Abolição, o que constitui um dos maiores dramas da história brasileira e um fator permanente de desequilíbrio em nossa sociedade.

Esses três elementos formadores (português, índio, negro) aparecem inter-relacionados em obras que abordam o tópico seguinte, isto é, quais foram as características da sociedade que eles constituíram no Brasil, sob a liderança absoluta do português. A primeira que indicarei é Casa grande e senzala (1933), de Gilberto Freyre. O tempo passou (quase setenta anos), as críticas se acumularam, as pesquisas se renovaram e este livro continua vivíssimo, com os seus golpes de gênio e a sua escrita admirável – livre, sem vínculos acadêmicos, inspirada como a de um romance de alto voo. Verdadeiro acontecimento na história da cultura brasileira, ele veio revolucionar a visão predominante, completando a noção de raça (que vinha norteando até então os estudos sobre a nossa sociedade) pela de cultura; mostrando o papel do negro no tecido mais íntimo da vida familiar e do caráter do brasileiro; dissecando o relacionamento das três raças e dando ao fato da mestiçagem uma significação inédita. Cheio de pontos de vista originais, sugeriu entre outras coisas que o Brasil é uma espécie de prefiguração do mundo futuro, que será marcado pela fusão inevitável de raças e culturas.

Sobre o mesmo tópico (a sociedade colonial fundadora) é preciso ler tambémFormação do Brasil contemporâneo, Colônia (1942), de Caio Prado Júnior, que focaliza a realidade de um ângulo mais econômico do que cultural. É admirável, neste outro clássico, o estudo da expansão demográfica que foi configurando o perfil do território – estudo feito com percepção de geógrafo, que serve de base física para a análise das atividades econômicas (regidas pelo fornecimento de gêneros requeridos pela Europa), sobre as quais Caio Prado Júnior engasta a organização política e social, com articulação muito coerente, que privilegia a dimensão material.

Caracterizada a sociedade colonial, o tema imediato é a independência política, que leva a pensar em dois livros de Oliveira Lima: D. João VI no Brasil (1909) eO movimento da Independência (1922), sendo que o primeiro é das maiores obras da nossa historiografia. No entanto, prefiro indicar um outro, aparentemente fora do assunto: A América Latina, Males de origem (1905), de Manuel Bonfim. Nele a independência é de fato o eixo, porque, depois de analisar a brutalidade das classes dominantes, parasitas do trabalho escravo, mostra como elas promoveram a separação política para conservar as coisas como eram e prolongar o seu domínio. Daí (é a maior contribuição do livro) decorre o conservadorismo, marca da política e do pensamento brasileiro, que se multiplica insidiosamente de várias formas e impede a marcha da justiça social. Manuel Bonfim não tinha a envergadura de Oliveira Lima, monarquista e conservador, mas tinha pendores socialistas que lhe permitiram desmascarar o panorama da desigualdade e da opressão no Brasil (e em toda a América Latina).

Instalada a monarquia pelos conservadores, desdobra-se o período imperial, que faz pensar no grande clássico de Joaquim Nabuco: Um estadista do Império(1897). No entanto, este livro gira demais em torno de um só personagem, o pai do autor, de maneira que prefiro indicar outro que tem inclusive a vantagem de traçar o caminho que levou à mudança de regime: Do Império à República(1972), de Sérgio Buarque de Holanda, volume que faz parte da História geral da civilização brasileira, dirigida por ele. Abrangendo a fase 1868-1889, expõe o funcionamento da administração e da vida política, com os dilemas do poder e a natureza peculiar do parlamentarismo brasileiro, regido pela figura-chave de Pedro II.

A seguir, abre-se ante o leitor o período republicano, que tem sido estudado sob diversos aspectos, tornando mais difícil a escolha restrita. Mas penso que três livros são importantes no caso, inclusive como ponto de partida para alargar as leituras.

Um tópico de grande relevo é o isolamento geográfico e cultural que segregava boa parte das populações sertanejas, separando-as da civilização urbana ao ponto de se poder falar em “dois Brasis”, quase alheios um ao outro. As consequências podiam ser dramáticas, traduzindo-se em exclusão econômico-social, com agravamento da miséria, podendo gerar a violência e o conflito. O estudo dessa situação lamentável foi feito a propósito do extermínio do arraial de Canudos por Euclides da Cunha n’Os sertões (1902), livro que se impôs desde a publicação e revelou ao homem das cidades um Brasil desconhecido, que Euclides tornou presente à consciência do leitor graças à ênfase do seu estilo e à imaginação ardente com que acentuou os traços da realidade, lendo-a, por assim dizer, na craveira da tragédia. Misturando observação e indignação social, ele deu um exemplo duradouro de estudo que não evita as avaliações morais e abre caminho para as reivindicações políticas.

Da Proclamação da República até 1930 nas zonas adiantadas, e praticamente até hoje em algumas mais distantes, reinou a oligarquia dos proprietários rurais, assentada sobre a manipulação da política municipal de acordo com as diretrizes de um governo feito para atender aos seus interesses. A velha hipertrofia da ordem privada, de origem colonial, pesava sobre a esfera do interesse coletivo, definindo uma sociedade de privilégio e favor que tinha expressão nítida na atuação dos chefes políticos locais, os “coronéis”. Um livro que se recomenda por estudar esse estado de coisas (inclusive analisando o lado positivo da atuação dos líderes municipais, à luz do que era possível no estado do país) éCoronelismo, enxada e voto (1949), de Vitor Nunes Leal, análise e interpretação muito segura dos mecanismos políticos da chamada República Velha (1889-1930).

O último tópico é decisivo para nós, hoje em dia, porque se refere à modernização do Brasil, mediante a transferência de liderança da oligarquia de base rural para a burguesia de base industrial, o que corresponde à industrialização e tem como eixo a Revolução de 1930. A partir desta viu-se o operariado assumir a iniciativa política em ritmo cada vez mais intenso (embora tutelado em grande parte pelo governo) e o empresário vir a primeiro plano, mas de modo especial, porque a sua ação se misturou à mentalidade e às práticas da oligarquia. A bibliografia a respeito é vasta e engloba o problema do populismo como mecanismo de ajustamento entre arcaísmo e modernidade. Mas já que é preciso fazer uma escolha, opto pelo livro fundamental de Florestan Fernandes,A revolução burguesa no Brasil (1974). É uma obra de escrita densa e raciocínio cerrado, construída sobre o cruzamento da dimensão histórica com os tipos sociais, para caracterizar uma nova modalidade de liderança econômica e política.

Chegando aqui, verifico que essas sugestões sofrem a limitação das minhas limitações. E verifico, sobretudo, a ausência grave de um tópico: o imigrante. De fato, dei atenção aos três elementos formadores (português, índio, negro), mas não mencionei esse grande elemento transformador, responsável em grande parte pela inflexão que Sérgio Buarque de Holanda denominou “americana” da nossa história contemporânea. Mas não conheço obra geral sobre o assunto, se é que existe, e não as há sobre todos os contingentes. Seria possível mencionar, quanto a dois deles, A aculturação dos alemães no Brasil (1946), de Emílio Willems; Italianos no Brasil (1959), de Franco Cenni, ou Do outro lado do Atlântico (1989), de Ângelo Trento – mas isso ultrapassaria o limite que me foi dado.

No fim de tudo, fica o remorso, não apenas por ter excluído entre os autores do passado Oliveira Viana, Alcântara Machado, Fernando de Azevedo, Nestor Duarte e outros, mas também por não ter podido mencionar gente mais nova, como Raimundo Faoro, Celso Furtado, Fernando Novais, José Murilo de Carvalho, Evaldo Cabral de Melo etc. etc. etc. etc.
* Artigo publicado na edição 41 da revista Teoria e Debate – em 30/09/2000
Antonio Candido é sociólogo, crítico literário e ensaísta.
Fonte:
http://odireitoachadonarua.blogspot.com.br/2013/05/antonio-candido-indica-10-livros-para.html?spref=fb

Marilena Chauí: A ditadura militar iniciou a devastação da escola pública



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“Você saía de casa para dar aula e não sabia se ia voltar, se ia ser preso, se ia ser morto. Não sabia.” Foto de Mariana Fontoura.
Paulo Donizetti de Souza, Rede Brasil Atual
Violência repressiva, privatização e a reforma universitária que fez uma educação voltada à fabricação de mão de obra, são, na opinião da filósofa Marilena Chauí, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, as cicatrizes da ditadura no ensino universitário do país. Chauí relembrou as duras passagens do período e afirma não mais acreditar na escola como espaço de formação de pensamento crítico dos cidadãos, mas sim em outras formas de agrupamento, como nos movimentos sociais, movimentos populares, ONGs e em grupos que se formam com a rede de internet e nos partidos políticos.
Chauí, que “fechou as portas para a mídia” e diz não conceder entrevistas desde 2003, falou à Rede Brasil Atual após palestra feita no lançamento da Escola 28 de Agosto, iniciativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo que elogiou por projetar cursos de administração que resgatem conteúdos críticos e humanistas dos quais o meio universitário contemporâneo hoje se ressente.

Quais foram os efeitos do regime autoritário e seus interesses ideológicos e econômicos sobre o processo educacional do Brasil?
Vou dividir minha resposta sobre o peso da ditadura na educação em três aspectos. Primeiro: a violência repressiva que se abateu sobre os educadores nos três níveis, fundamental, médio e superior. As perseguições, cassações, as expulsões, as prisões, as torturas, mortes, desaparecimentos e exílios. Enfim, a devastação feita no campo dos educadores. Todos os que tinham ideias de esquerda ou progressistas foram sacrificados de uma maneira extremamente violenta. Em segundo lugar, a privatização do ensino, que culmina agora no ensino superior, começou no ensino fundamental e médio. As verbas não vinham mais para a escola pública, ela foi definhando e no seu lugar surgiram ou se desenvolveram as escolas privadas. Eu pertenço a uma geração que olhava com superioridade e desprezo para a escola particular, porque ela era para quem ia pagar e não aguentava o tranco da verdadeira escola. Durante a ditadura, houve um processo de privatização, que inverte isso e faz com que se considere que a escola particular é que tem um ensino melhor. A escola pública foi devastada, física e pedagogicamente, desconsiderada e desvalorizada.

E o terceiro aspecto?
A reforma universitária. A ditadura introduziu um programa conhecido como MEC-Usaid, pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, para a América Latina toda. Ele foi bloqueado durante o início dos anos de 1960 por todos os movimentos de esquerda no continente, e depois a ditadura o implantou. Essa implantação consistiu em destruir a figura do curso com multiplicidade de disciplinas, que o estudante decidia fazer no ritmo dele, do modo que ele pudesse, segundo o critério estabelecido pela sua faculdade. Os cursos se tornaram sequenciais. Foi estabelecido o prazo mínimo para completar o curso. Houve a departamentalização, mas com a criação da figura do conselho de departamento, o que significava que um pequeno grupo de professores tinha o controle sobre a totalidade do departamento e sobre as decisões. Então você tem centralização. Foi dado ao curso superior uma característica de curso secundário, que hoje chamamos de ensino médio, que é a sequência das disciplinas e essa ideia violenta dos créditos. Além disso, eles inventaram a divisão entre matérias obrigatórias e matérias optativas. E, como não havia verba para contratação de novos professores, os professores tiveram de se multiplicar e dar vários cursos.

Houve um comprometimento da inteligência?
Exatamente. E os professores, como eram forçados a dar essas disciplinas, e os alunos, a cursá-las, para terem o número de créditos, elas eram chamadas de “optatórias e obrigativas”, porque não havia diferença entre elas. Depois houve a falta de verbas para laboratórios e bibliotecas, a devastação do patrimônio público, por uma política que visava exclusivamente a formação rápida de mão de obra dócil para o mercado. Aí, criaram a chamada licenciatura curta, ou seja, você fazia um curso de graduação de dois anos e meio e tinha uma licenciatura para lecionar. Além disso, criaram a disciplina de educação moral e cívica, para todos os graus do ensino. Na universidade, havia professores que eram escalados para dar essa matéria, em todos os cursos, nas ciências duras, biológicas e humanas. A universidade que nós conhecemos hoje ainda é a universidade que a ditadura produziu.

Essa transformação conceitual e curricular das universidades acabou sendo, nos anos de 1960, em vários países, um dos combustíveis dos acontecimentos de 1968 em todo mundo.
Foi, no mundo inteiro. Esse é o momento também em que há uma ampliação muito grande da rede privada de universidades, porque o apoio ideológico para a ditadura era dado pela classe média. Ela, do ponto de vista econômico, não produz capital, e do ponto de vista política, não tem poder. Seu poder é ideológico. Então, a sustentação que ela deu fez com que o governo considerasse que precisava recompensá-la e mantê-la como apoiadora, e a recompensa foi garantir o diploma universitário para a classe média. Há esse barateamento do curso superior, para garantir o aumento do número de alunos da classe média para a obtenção do diploma. É a hora em que são introduzidas as empresas do vestibular, o vestibular unificado, que é um escândalo, e no qual surge a diferenciação entre a licenciatura e o bacharelato. Foi uma coisa dramática, lutamos o que pudemos, fizemos a resistência máxima que era possível fazer, sob a censura e sob o terror do Estado, com o risco que se corria, porque nós éramos vigiados o tempo inteiro. Os jovens hoje não têm ideia do que era o terror que se abatia sobre nós. Você saía de casa para dar aula e não sabia se ia voltar, não sabia se ia ser preso, se ia ser morto, não sabia o que ia acontecer, nem você, nem os alunos, nem os outros colegas. Havia policiais dentro das salas de aula.

Houve uma corrente muito forte na década de 1960, composta por professores como Aziz Ab’Saber, Florestan Fernandes, Antônio Cândido, Maria Vitória Benevides, a senhora, dentre outros, que queria uma universidade mais integrada às demandas da comunidade. A senhora tem esperança de que isso volte a acontecer um dia?
Foi simbólica a mudança da faculdade para o “pastus”, não é campus universitário, porque, naquela época, era longe de tudo: você ficava em um isolamento completo. A ideia era colocar a universidade fora da cidade e sem contato com ela. Fizeram isso em muitos lugares. Mas essa sua pergunta é muito complicada, porque tem de levar em consideração o que o neoliberalismo fez: a ideia de que a escola é uma formação rápida para a competição no mercado de trabalho. Então fazer uma universidade comprometida com o que se passa na realidade social e política se tornou uma tarefa muito árdua e difícil.

Não há tempo para um conceito humanista de formação?
É uma luta isolada de alguns, de estudantes e professores, mas não a tendência da universidade.

Hoje, a esperança da formação do cidadão crítico está mais para as possibilidades de ajustes curriculares no ensino fundamental e médio? Ou até nesses níveis a educação forma estará comprometida com a produção de cabeças e mãos para o mercado?
Na escola, isso, a formação do cidadão crítico, não vai acontecer. Você pode ter essa expectativa em outras formas de agrupamento, nos movimentos sociais, nos movimentos populares, nas ONGs, nos grupos que se formam com a rede de internet e nos partidos políticos. Na escola, em cima e em baixo, não. Você tem bolsões, mas não como uma tendência da escola.

Falar de diversidade sexual é visto como ensinar a ser gay, diz docente

Rayder Bragon
Do UOL, em Belo Horizonte


Abordar o tema da diversidade sexual na escola ainda é visto por alguns como ensinar a ser gay, afirma o professor Júnior Diniz, 31, que trabalha com o assunto em aulas de ética no município de Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).
"Algumas pessoas argumentam que qualquer discussão a respeito da diversidade sexual, no ambiente escolar, seria uma forma de incitarmos as crianças a se tornarem gays ou lésbicas. A gente sabe, no entanto, que a sexualidade é particular e algo próprio do ser humano. O importante é eles [alunos] perceberem que o diferente merece respeito e que respeitar as diferenças não significa que eu queira ser igual", afirma.

COMBATE À HOMOFOBIA

  • Divulgação/Transgender Legal Defense and Education Fund
    Pais denunciam escola por proibir criança transgênero de usar banheiro das meninas
  • http://imguol.com/2012/08/30/pai-veste-saia-para-apoiar-filho-que-gosta-de-usar-vestidos-1346354196811_300x200.jpg
    Para apoiar filho de 5 anos que prefere usar vestidos, pai na Alemanha passa a usar saias
No trabalho que desenvolve com crianças de seis a dez anos na Escola Municipal Domingos José Diniz Costa Belém, o principal foco é o respeito à diversidade e não a discussão da sexualidade dos alunos.
"O objetivo é fazer com que as crianças compreendam que nós vivemos em um mundo diverso onde existem várias possibilidades de as pessoas viverem sua sexualidade. Discutimos as questões de preconceitos existentes, como o racismo, a homofobia, o machismo", explica.
Uma das técnicas usadas pelo educador é mostrar aos alunos que nem sempre uma família é composta por pai, mãe e irmãos. "Muitos moram somente com a avó, com o avô, ou com tios, ou só com a mãe", exemplifica.
Apesar de ter de enfrentar o preconceito de alguns pais em relação a abordagem do tema, o professor conta ter recebido muitos pais com dúvidas sobre como falar sobre assunto com os filhos.

Preconceito entre os professores

Responsável pela coordenação de um programa de combate a homofobia, racismo e sexismo nas escolas públicas municipais de Contagem, Juliana Batista Diniz Valério diz que houve avanços no debate do assunto, mas ainda há resistência em relação ao tema nos próprios educadores.
O programa, denominado "Gênese" (Gênero, Sexualidade e Educação), tinha entre seus objetivos capacitar o educador para que ele replicasse o combate ao sexismo, à homofobia e ao racismo com os alunos. 
"Muitos professores e estudantes se mostram reticentes em relação ao tema. Tivemos, por exemplo, um número significativo de educadores que não conseguiu concluir os cursos ofertados em função de sua resistência pessoal com esse debate."
Para ela, a diversidade sexual ainda costuma ser tratada de maneira individual por educadores militantes ou sensibilizados com o problema, não como tema da educação.
"As questões de ordem moral e religiosa, ainda, são um grande obstáculo para que esse debate realmente se incorpore ao cotidiano escolar. O princípio da laicidade do Estado ainda não está de fato efetivado nas instituições públicas", salienta Juliana Valério.

"Aprendemos a olhar"

A educadora disse, no entanto, que as pessoas ao menos aprenderam a perceber o problema da discriminação e o preconceito sexual.
"Percebo que o preconceito e as atitudes discriminatórias são hoje mais visibilizados, até porque aprendemos a "olhar" para uma atitude homofóbica e assim nomeá-la. Quantos atos de bullying não são, na verdade, discriminações em função da orientação sexual ou práticas do racismo e do machismo?", comenta a especialista. 

Homossexualidade ainda é tabu na conversa entre pais e filhos; veja como amenizar situação



Carla Hosoi
Especial para UOL Educação
Em São Paulo
A homossexualidade é um dos piores tabus entre os assuntos que envolvem a sexualidade -- segundo os especialistas. Os pais costumam ficar desesperados, não sabem o que fazer -- tudo isso porque não existe a expectativa de que um filho possa ter uma orientação sexual diferente da sua. Sem falar na discriminação e sofrimento que ainda hoje atingem os homossexuais
Antes de introduzir o assunto, cabe aos pais serem sensíveis o suficiente para ver se realmente é o momento de falar sobre isso.
Achar que seu filho ou filha tem uma tendência homessexual só porque não é agressivo ou afeminada o suficiente é uma idéia preconceituosa, que não corresponde, na maioria dos casos, a uma verdade. O comportamento não define a orientação sexual de uma pessoa.
Os pais devem saber que a decisão de ser hetero ou homosexual não é tomada conscientemente, mas faz parte do desenvolvimento da sexualidade, assim como a própria personalidade.

Como puxar o papo:

Como é um tema delicado, deve ser tratado com respeito que merece. Saber se o o filho será receptivo é essencial. Caso esteja em dúvida, demonstre que está aberto à conversa, mas espere que a iniciativa parta do jovem ou da jovem.
Quando o filho ou filha procurar os pais, algumas questões precisam ser abordadas:
  • A própria certeza da homossexualidade na adolescência deve ser questionada, pois nesta fase é muito comum os filhos vivenciarem experimentações sexuais com pessoas do mesmo sexo como curiosidade ou realização de fantasias próprias da adolescência
  • A naturalidade deve imperar para evitar que preconceitos e discriminações sejam disseminados dentro da própria casa
  • Informe-se e indique a leitura de um livro que fale sobre o assunto. Assim, o filho ou a filha podem tirar suas dúvidas e encarar sua orientação sexual sem tantos medos e angústias
  • Se há negação conflituosa do próprio adolescente, procure ajuda de um psicólogo

Como NÃO agir:

Condenar, culpar (os filhos ou a si mesmo) ou ver a orientação sexual como algo de outro planeta. Idealizar uma sexualidade para os filhos, estimulando comportamentos esteriotipados (filho machão e filha dócil e meiga). Isso pode trazer conflitos sexuais permanentes.


Fontes: Arlete Gianfaldoni, médica assistente doutora da clínica ginecológica  Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e especialista em ginecologia e obstetricia da Infância, membro da Sogia (Sociedade de obstetricia e ginecologia da Infância e Adolescência), Marcos Ribeiro, autor do livro Conversando com seu filho adolescente sobre sexo, Ivette Gattás, psiquiatra da Infância e Adolescência e coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA) da Unifesp, Maurício de Souza Lima, médico hebiatra.