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segunda-feira, 1 de julho de 2013

#Denuncie #Disque100 #DigaNãoÀHomofobia #DigaNãoÀLesbofobia #DigaNãoÀTransfobia

Casos de homofobia triplicam em 2012 e SUS terá de notificar violência contra gays. Foram registrados 4.851 casos de violência homofóbica no ano passado ante 1.713 em 2011, segundo o governo. Mude essa realidade. 


Você sabia?



 

30% das camisinhas no mundo são adquiridas por mulheres? Por isso, meninas, não tenham vergonha de se proteger, e nem esperem pelo parceiro. Passe hoje mesmo no posto de saúde mais próximo e apanhe as suas!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

SUS vai registrar casos de agressão por homofobia

 

O Ministério da Saúde vai tornar obrigatório o registro dos casos de violência por homofobia atendidos na rede pública de saúde. A iniciativa será aplicada a partir de agosto aos estados de Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e, em janeiro do próximo ano, será estendida ao restante do país. O anúncio da obrigatoriedade ocorreu nesta quinta-feira (27) durante o lançamento do Sistema Nacional de Promoção de Direitos e Enfrentamento à Violência contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (Sistema Nacional LGBT), pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Na ocasião também foi apresentado Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil em 2012, produzido pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, considera que a obrigatoriedade da notificação será uma ferramenta importante de promoção e de garantia de direitos à comunidade LGBT. Segundo ele, o preenchimento de um formulário pelo profissional que realizou o atendimento vai tornar visível a dimensão real do problema da homofobia. “É fundamental conhecer a magnitude das violências que acometem esta população, identificando quem são as vítimas, quais os principais tipos de violências, locais de ocorrência, a motivação, a oportunidade do uso do nome social, dentre outras informações”, afirmou o ministro. Ele explicou que este conhecimento vai servir para a formulação e implementação de políticas públicas de enfrentamento às violências homofóbicas e políticas públicas de atenção e proteção à população LGBT.

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) já registra os atendimentos de violência contra mulheres, idosos, crianças e adolescentes. O SINAN fornece subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área. A Lista de Notificação Compulsória (LNC) é composta por agravos e eventos selecionados de acordo com critérios de magnitude, potencial de disseminação, transcendência, vulnerabilidade, disponibilidade de medidas de controle e compromissos internacionais com programas de erradicação, entre outros fatores.

Documento – O Relatório sobre Violência Homofóbica aponta que, em 2012, ocorreram 3.084 denúncias e 9.982 violações de direitos humanos relacionadas à identidade de gênero. Isso representa um crescimento significativo, se comparado ao ano anterior, quando foram registrados 1.159 casos de denúncias de violência e 6.809 violações de direitos. Também houve crescimento de 183% do registro de vítimas de violência por homofobia, subindo de 1713 para 4.851. A maioria das vítimas (61,16%) tinha idade entre 15 e 29 anos. O documento foi realizado a partir da base de dados do Disque Direitos Humanos, Central de Atendimento à Mulher e 136 da Ouvidoria do Ministério da Saúde.

“O crescimento no número de denúncias mostra a confiabilidade nos sistemas que estamos instituindo e produzindo no Brasil”, observou a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário. Segundo ela, o recebimento dessas acusações configura um passo importante porque resulta em atitudes. “Quando recebemos estas denúncias, temos que mover uma rede de proteção e atendimento às vítimas”, complementou a ministra.

Para o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, O enfrentamento à violência requer a ação conjunta de diversos setores: saúde, segurança pública, justiça, educação, assistência social. “O SUS vai fornecer dados seguros para que sejam formuladas políticas públicas eficientes, preservando a integridade desta população”, ressaltou o secretário.
Sistema Nacional LGBT – Para qualificar e ampliar o atendimento à população LGBT, familiares, amigos e vítimas da discriminação, além de potencializar ações nas áreas de direitos humanos, segurança pública e assistência social, foi criado o sistema Nacional LGBT. Pretende-se integrar todas as entidades existentes no país, mas que funcionam de forma desarticulada. também, e construir um tripé formado pelos conselhos, coordenadorias e planos estaduais e municipais LGBT.

Fonte: Fabiane Schmidt / Agência Saúde

DAMA DE ESPADA | Muito prazer, eu existo!!!


As travestis são um grupo de pessoas numa linha tênue: a da falência do binarismo de gênero. 
Por Janaina Lima



Quando fui gerada, ainda na barriga de mamãe, começou uma disputa por minha identidade: umas/uns diziam “será menininho”; outrxs, “será menininha”. Como ainda não tínhamos acesso ao ultrassom, as pessoas partiam a lançar possibilidades a partir de suas crenças, do tipo: “Olha a barriga pontuda”; “Vejam: caiu um garfo, será isso; caiu uma colher, será aquilo”; “Olha o formato da barriga”; “Olha, chuta como um jogar de futebol!!!”.

Só que, ao nascer, esqueceram suas crendices e olharam logo no meio das pernas: sim, nasci de parto natural, em casa, portanto várias pessoas esperavam para ver aquela criatura sair da barriga e vir ao mundo dos machos e fêmeas. E aquelas pessoas, que diziam tudo saber, viram meu escroto e comemoraram: é macho!

A partir daí começaram as especulações do que eu seria, mas com a certeza de que eu era um homem e, assim, teria grandes vantagens dentro da sociedade.

E foi assim que vim ao mundo com grandes perspectivas sobre minha identidade, mas também com várias limitações, porque, segundo o manual do binarismo de gênero – que até hoje não encontrei o maldito que escreveu! –, homem pode isso e não pode aquilo.

Mas aí, conforme fui crescendo, percebi que era diferente das demais crianças ao meu redor. Os meninos não me queriam em suas rodinhas porque diziam que eu era diferente deles, e o mesmo acontecia com as meninas, que não me reconheciam. Eles, porém, me apresentaram diversas identidades para que eu pudesse escolher uma, dentre elas: bichinha, boiola, baitola, fresco, viadinho, mariquinha, entre outras. Só sei que, por fim, quando atingi a adolescência, me passaram uma nova identidade: afirmaram que eu era GAY. E lá fui eu procurar os gays, para compreender o que de fato eu era. E eis que, para minha surpresa, os gays disseram que eu me comportava muito diferente deles e que era melhor eu procurar outra turma.
E lá fui eu tentar achar que turma era essa que eles diziam parecer comigo, porque, embora tivesse pênis, não me comportava como o macho provedor e poderoso da sociedade.

Eis que conheço um grupo de pessoas que estão em uma linha muito tênue: recusam o papel de macho, mas não aceitam o papel da fêmea submissa; estou falando desses seres que eu identifico como “a falência do binarismo de gênero”, conhecidas popularmente como TRAVESTIS.

Calma aí, não estou falando do travesti do dicionário, nem de uma pessoa louca por sexo; estou falando de uma figura emblemática, que coloca em questão o macho e a fêmea de nossa sociedade, que traz diversas interrogações acerca do que é ser feminino e masculino em nossas vivências.



Você conhece alguma travesti ao seu redor e que ainda não tenha passado pelo processo de higienização da sociedade? Porque, se ela passar e for corrompida, deixará de ser travesti e passará a ser uma transexual – com definição no CID 10 (Código Internacional de Doenças) porque algumas acreditam que, se assumindo assim, passam a ter o mínimo de cidadania garantida, o que é uma grande mentira pregada em nossa sociedade, porque ser homem ou mulher (transexual em nossa sociedade seria uma pessoa que nasceu em um corpo errado, mas se encaixa perfeitamente em um dos dois) não é garantia de cidadania. Se eu, você ou qualquer um que não tenha seus direitos respeitados quiser ter alguma garantia, terá que deixar o lado pouco confortável de vítima e partir para a luta, questionando as imposições de uma sociedade machista, sexista e misógina, impostas por um passado imperialista.

Muito prazer, eu existo e estou aqui para ajudar na transformação de uma sociedade mais justa e igualitária nos direitos das pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

 Janaina Lima é nascida no Nordeste e criada no Sudeste do Brasil. Ativista do movimento nacional de travestis e do Grupo Identidade, de Campinas (SP), não abre mão de questionar a forma como o binarismo de gênero oprime aquelxs que ousam transpassar o limite das imposições.

Fonte:

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Balneário Camboriú realiza em agosto a 2a Semana da Diversidade


 












Balneário Camboriú, em Santa Catariana, sedia a 2ª Semana da Diversidade entre os dias 14 e 18 de agosto.

A programação inclui apresentação cultural, seminário educativo e passeios. A concentração da Parada, no dia 18, será na praça Almirante Tamandaré, na Avenida Atlântica, e o trajeto será até o Pontal Barra Norte. Para mais informações, acesse: www.semanadiversidadebc.com.br

Valério ou Laleska? Travesti sonha se tornar árbitro profissional de futebol

''EE de Bolso'' mostra um aperitivo da história de um homossexual assumido que apita jogos locais em uma cidade do nordeste e almeja grandes partidas

 

Valério Fernandes é uma pessoa rara de se ver dentro dos gramados. Não pela disposição em apitar partidas amadores de futebol na cidade de Beberibe, Ceará, mas sim por ser um exemplo de que é possível se assumir homossexual e desempenhar uma função importante dentro de um esporte reconhecidamente masculino. A apresentadora Luciana Ávila e o produtor Rafael Freitas, do ''Esporte Espetacular'', foram até o nordeste do Brasil para saber como este cearense busca o sonho da profissionalização no futebol.


Aos 32 anos, Valério trabalha como coordenador de guias mirins que fazem o passeio pelas famosas falésias coloridas da praia de Morro Branco. Depois do expediente, durante todas as semanas, ele põe uma roupa de juiz e apita os jogos do campeonato amador de futebol do município no estádio de sua cidade. À noite é conhecido por Laleska e assume sua identidade feminina.

Engana-se quem acha que Valério se diferencia de outros árbitros por causa de sua opção sexual. Ele apita seriamente os jogos e fala grosso com os jogadores sem disciplina. De dentro de campo é evidente seu empenho em busca de um sonho: se profissionalizar como juiz de futebol e apitar clássicos.
Resta apenas saber se o esporte, os jogadores e as torcidas estarão preparados para assistir o primeiro juiz travesti assumido do futebol brasileiro. Apesar de ser bem aceito e conhecido na cidade, Valério ainda enfrenta o preconceito da família e principalmente do próprio pai que não admite a sua condição de homossexual.

Juiz Travesti (Foto: Divulgacao) 
Valério Fernandes atua como juiz em partidas amadoras de futebol (Foto: Divulgação)

Fonte:


 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Semana do Babado é a semana da diversidade sexual da Unicamp, e vai acontecer de 25 a 28 de Junho

 

A Semana do Babado é a semana da diversidade sexual da Unicamp, e vai acontecer de 25 a 28 de Junho. Esse ano a semana tem um tema, que é também uma pergunta: "O cu nos une?"

Aguardamos todos!!
Coletivo Babado: https://www.facebook.com/ColetivoBabado?fref=ts


PROGRAMAÇÃO

||| TERÇA, 25 de junho

(17:30) RODA DE CONVERSA - O cu nos une? + Curta "Fruitcake"
http://www.facebook.com/events/383022815131649/

||| QUARTA, 26 de junho

(17:30) RODA DE CONVERSA - Aprendendo a nos defender: direito e política das LGBT
http://www.facebook.com/events/520538511328232/

||| QUINTA, 27 de junho

(17:30) SARAU DO BABADO - Traga sua cor!
http://www.facebook.com/events/398109716972279/

||| SEXTA, 28 de junho

(23:00) BABADO - Dia do Orgulho LGBT
http://www.facebook.com/events/548644488506426/

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Jean Wyllys critica projeto da "cura gay"

Após passarem por "cura gay", jovens tentam suicídio e carregam traumas

Após passarem por "cura gay", jovens tentam suicídio e carregam traumas

Bob Griffth cometeu suicídio após passar por "cura gay"

A bancada religiosa e o pastor e deputado federal Marcos Feliciano conseguiram na tarde de terça-feira [18] que o projeto de lei que visa autorizar psicólogos a executarem tratamentos que “revertam a homossexualidade” fosse aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Embora o projeto ainda vá passar pela Comissão e Justiça e pela Comissão de Seguridade Social da Câmara, a proposta causou debate.
Conhecida como “cura gay”, a proposta do deputado João Campos [PSDB-GO] causou polêmica ao querer alterar a resolução do Conselho Federal de Psicologia [CPF], que proíbe psicólogos de tentarem mudar a orientação sexual de uma pessoa, com a única razão de a homossexualidade não ser considerada doença desde 1985.
Durante a simbólica votação, o deputado Anderson Ferreira [PR-PE] alegou que a ideia é que pacientes que não se sentem a vontade com a própria sexualidade possam tentar revertê-la e que profissionais tenham liberdade para tratar gays que não querem ser gays. “É direito do paciente procurar atendimento que satisfaça seus anseios. O projeto de decreto legislativo garante o direito ao homossexual a mudar a sua orientação e ser acolhido por um profissional”.
Mas será que eles sabem exatamente do que estão falando? Será que tais procedimentos não prejudicam a vida do ser humano, tal como a do norte-americano Bobby Griffth [foto acima], que cometeu suicídio aos 20 anos, após passar por tratamentos de "cura gay"? 

O NLucon foi atrás de depoimentos sinceros de pessoas que um dia pensaram que pudessem mudar a orientação sexual, que passaram por tais procedimentos e que até hoje carregam traumas. 
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Julianne R: "Há cinco anos, tinha um amigo da faculdade que era da Igreja Batista. Acabei contando para ele que sou trans [ainda não tinha assumido na época] e ele disse que poderia me ajudar, mencionando que a igreja dele tinha uma ‘clínica’ para isso perto de Marília – SP. Então, eu aceitei.
No dia, antes de irmos para a chácara da clínica, me colocaram em uma sala onde ficavam durante um bom tempo falando de Deus e coisas religiosas e fizeram eu assinar alguns papeis que eu nem li. Saímos em uma van com 14 pessoas e viajamos por 40 minutos, até chegarmos ao local.

Havia um casarão grande em construção, sem piso, sem telhado e bem rústico. Então, começou em si o processo. Colocaram-nos em uma sala com carteiras de escolas e eles ficaram horas e horas pregando sobre o tema, de como o homossexualismo era perigoso, como era uma artimanha de satanás para nos levar ao mal e ao inferno, como a sociedade nos iria odiar, como nossa família iria nos adiar... Diziam que não iríamos conseguir emprego, que não teríamos paz, não saberíamos como é bom ter filho...


Depois disso tudo – sem comer ou beber nada – nos colocaram de frente uns aos outros. Não podíamos falar nada, nem dormir, nem desviar o olhar da pessoa a nossa frente. Muitos começaram a passar mal, chorar e teve até uns que “manifestaram”, mas não podíamos sair dali. Então, eu não aguentei mais e pedi para ir embora e eles disseram que eu não poderia sair antes de terminar todo o processo. Deram-nos um pão com geleia e nos colocaram em grupos nos quartos com uma pessoa que nos fazia orar o tempo todo.

No dia seguinte, ficávamos na sala de “aula” ouvindo as pregações novamente e, individualmente, eles nos buscavam e nos levavam para uma sala com TV com filmes pornôs gays. Cinco pessoas ficavam girando em nossa volta, falando que aquilo era nojento, pecaminoso. Foi então que eu disse que não era gay, que eu era trans. Eles ficaram surpresos, ligaram o ferro de solda e ameaçaram me queimar, caso eu falasse algo ou quisesse fechar os olhos.

Eles me trancaram em um quarto bem pequeno e sem janelas, porque, segundo eles, o demônio que estava em mim era pior. Me trancaram lá por não sei quanto tempo e tinha uma gravação de um pastor que dizia coisas do tipo: “É sua culpa o que está acontecendo com você, Deus quer te tirar daí, mas você não o aceita. Você se separou dele, agora passa por tudo isso, é sua culpa, tudo é sua culpa, nós só queremos ajudar você. Mas você preferiu as trevas, é sua culpa, é tudo sua culpa. Jesus morreu por você e você deu um tapa na cara dele, é sua culpa...”.

Depois de muito tempo, me tiraram dali e levaram numa sala cheia de pastores. Fiquei no meio deles e todos se revezavam orando e falando em línguas. Apertavam muito minha cabeça, dizendo para deixar me levar pelo espírito e para “cair”. Não entendi, mas acho que eles queriam que eu desmaiasse, como outras pessoas. Estava tremendo de fome e sede, assustada, não conseguia desmaiar, estava com raiva, medo e desperta para fugir dali.

Daí me jogaram de novo na sala da TV, na sala escura, depois mais oração, mais exorcismo, num ciclo que parecia que nunca ia acabar. Então colocaram umas agulhas bem finas debaixo das minhas unhas que davam choque. Era muito dolorido, uma dor horrível e eu desmoronei. Disse tudo o que eles queriam que eu dissesse, que aceitava Jesus na minha vida, que o homossexualismo era errado, perigoso, pecaminoso, que eu não seria mais assim e que as pessoas iriam gostar de mim.

Assim que disse tudo o que eles queriam, me abraçaram e disseram: “Bem vindo de volta, irmão, graças a Deus está salvo”, “Aleluias, um irmão estava morto e agora vive”, “Nós te amamos”, “Jesus te ama”, “Deus está feliz que você voltou, irmão”.

Fomos embora, eu tive crises horríveis nos dias seguintes, não conseguia suportar aquilo e tentei o suicídio duas vezes seguidas. Afinal, eu passei por tudo aquilo e nada em mim mudou, ao contrário, só tinha piorado, me sentindo mais culpada, mais um lixo de pessoa, eu sentia que todos me odiavam, como eles diziam por lá e eu só queria morrer.

Três anos depois, confessei para um dos pastores que eu não tinha mudado nada. Não demorou muito e um pessoal da Maranata [uma igreja evangélica] fizeram mais e mais exorcismos e disseram que eu é que não queria mudar. Falaram que a legião que havia dentro de mim eles não poderiam tirar e até citaram para a minha ex-sogra aquela passagem da Bíblia sobre um caso que os discípulos de Jesus não conseguiram tirar o demônio e que só Jesus poderia. Isso só fez piorar ainda mais a relação com a minha ex-sogra.

Tempos depois, meu pai morreu e eu não tinha mais um motivo para me esconder. Me assumi trans, mas só consegui falar o que aconteceu lá na “clínica” no começo desse ano. Demorou cinco anos para conseguir falar, pois era muito duro, era como se eu vivesse aquilo novamente. Só de pensar, já estremeço aqui...

Não tem cura o que eles fazem e isso vai me acompanhar o resto da minha vida. Esse processo acaba com sua autoestima, eu caí em depressão profunda, tentei o suicídio 17 vezes no total e não conseguia ficar sem pensar em morrer, porque por mais que eu tivesse abandonado a religião, por mais que eu tenha me convencido que não existe aquele Deus opressor, aquelas palavras “você é culpada”, “todos te odeiam” me perturbava. Ainda hoje eu não saio quase nunca de casa, evito a todo custo. Esse ano, por exemplo, sai de casa duas vezes para ir até a casa das minhas irmãs e duas vezes num cliente que tenho em outra cidade.

Depois daquele processo, passei a ser desconfiada, achando que as pessoas queriam me machucar, fiquei verbalmente violenta contra religiosos. Eu, que era bissexual, passei a ter um medo irracional de homens e, mesmo que eu goste daquele homem X, sinto medo de ficar sozinha com um homem. Dá vontade de fugir sem razão. Fiquei com depressão, não conseguia trabalhar e achava que quem me dava um emprego era por piedade. Passei durante esse tempo em terapia, medicamentos, médicos, etc.

Antes, eu tinha muitos amigos, não era tímida... Mas, depois daquilo, nunca mais vi a vida e as pessoas da mesma maneira...



“Passei por um tratamento de choque com uma psicóloga no Rio de Janeiro. Fui levada por minha mãe aos 16 anos, logo depois de ela pegar um telefonema que dei para minha ex-namoradinha. Ela falou que eu era a vergonha da família, que não criou filha para ser lésbica e que conhecia uma especialista que daria um jeito em mim. Não queria decepcioná-la e acabei indo.
Chegando ao consultório, a psicóloga deu uma ou duas palavras comigo e disse que me faltava referência paterna e que certamente eu estava traumatizada pela separação dos meus pais. Expliquei que dava bem com o meu pai e que o fim do casamento fazia mal, na verdade, para a minha mãe.

Ela explicou que os modelos são importantes, que a sexualidade se dá com traumas de infância e que ainda me faria sentir orgulho por ser mulher. Eu retruquei, dizendo que ser bissexual não me fazia homem. E ela insistiu que, a longo prazo, eu estaria me comportando como uma “caminhoneira” e que isso certamente me faria sofrer.

Fui levada para outra sala e minha ficou onde estava. Lá, ela começou a gritar e a me ofender de todas as maneiras, me chamando de sapatão, palavras ofensivas e eu, me sentindo humilhada por uma desconhecida, comecei a chorar desesperadamente. Daí ela me abraçou e disse com voz suave: “Tá vendo? É isso que você vai sentir se continuar neste caminho”.

Ela me receitou um calmante e orientou que eu me afastasse de todas as minhas amigas lésbicas e amigos gays. Vivia dopada, isolada e não tinha mais vontade de sair de casa, de fazer mais nada. Minha mãe tomava conta de tudo e não saía de perto de mim. Ela voltava a se encontrar com essa psicóloga sozinha e eu tinha consultas esporádicas, mas todas muito traumáticas.

Questionava as minhas intimidades, masturbações e parecia ter uma obsessão pelo pau. Nesta época, havia um menino que gostava de mim e ela aconselhou –praticamente insistindo - para que pensasse direitinho sobre a possibilidade de perder a virgindade com ele. Foi horrível, traumático e ela disse que fazia parte do processo. Durante esse período, não estudei, não saía e todo meu contato era virtual. Sentia um desamor muito grande por minha vida e achava que era um fardo na vida da minha mãe.

Minha só vida melhorou quando minha mãe começou a namorar. Ainda me fez ir nas tortuosas seções, mas abriu mão quando achou que eu estava “curada”. Embora tivesse tentado ser hétero, pude perceber que não há como controlar sentimentos tão espontâneos, como o tesão e amor. E que, apesar de estar diante de uma psicóloga, minha cabeça ficou muito mais confusa”. 


Walter C: “Morava no Rio de Janeiro quando me descobri gay e minha família não me apoiou na época e me enviou para a casa do meu irmão pastor. Logo que cheguei, fui informado que deveria ter uma conduta apropriada para morar com ele e a sua família. Entrei na igreja acreditando que deveria me tratar, pois com tantos conselhos iria “curar” a minha homossexualidade.
Palestra na igreja, reunião particular com o pastor, o líder dos jovens falava que eu deveria namorar uma menina de Deus. Mas eu não conseguia, me sentia menor e era apontado pelos meninos do coral. Tanto que nem subia para cantar no púlpito por me sentir imundo e sujo por pensar em homens.  
Cheguei a ser noivo de uma mulher. Sim, eu, que hoje faço uma drag queen, já fui noivo de uma menina linda, doce, sensível, professora de música, mas que eu não sentia nada, virou minha amiga. Até hoje sinto culpa internalizada dessa época, faço terapia para tirar esses demônios que me aprisionavam tanto.

Jamais um gay deixará de ser gay, assim como jamais um hétero vai deixar de ser hétero. Hoje, sou feliz, me sinto bem em ser quem sou: gay, militante e noivo de um homem lindo.

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Tadeu B: “Logo que minha mãe soube que sou gay, próximo dos meus 17 anos, ela pediu para que alguns irmãos da igreja Congregação Crista no Brasil orassem por mim. Num momento específico, recebi uma oração com as mãos na cabeça com o intuito de tirar um espírito que ‘estava em mim’. Disseram que esse espírito me fazia interessar por homens.

Nem preciso dizer que foi constrangedor e triste para mim. Disse que nada havia mudado e ainda fui culpado por não ter fé o suficiente para ser liberto.
Durante um tempo, fiquei convencido de que eu poderia deixar de ser gay, busquei a tal libertação porque fui convencido de que era errado. Minha mãe pode dizer isso que eu era o mais crente de todos. Me apeguei tanto a igreja, fui tão tão tão fiel as crendices que fazia tratamento até com remédios de depressão, ansiedade e pânico. Tomava quase três remédios de uma vez.
Cresci na igreja evangélica onde o gay é muito discriminado. Na igreja, quem é gay vai automaticamente para o inferno, é condenado e excluído da igreja e do circulo dos irmãos.
Até que tentei me dopar – na verdade, me matar – e misturei todos os medicamentos pesados. Mas só fiquei intoxicado e essa foi a gota dágua. Enquanto outro amigo gay cometeu suicídio, eu me dei conta do que estava fazendo comigo, me veio a forte realidade de como estava vivendo. Eu, que sempre fui questionador, me deixei levar? 

Confesso que a culpa pelos pais é presente, mas deixei de lado e fui para São Paulo, meu bem.Deixei a igreja e até hoje, ao afirmar que sou gay, alguns ‘irmãos’ não me olham mais. Eu não ligo porque sei quão grande é a ignorância deles. Depois de passar por tanta coisa, digo com propriedade: não é possível um gay deixar de ser gay..
Henrique S.: "Não gosto de falar sobre o procedimento de ‘cura gay’ que passei, pois ele desencadeia muitos traumas em minha vida. É algo que me leva a baixa autoestima, o desgosto de passar por uma família que não me aceita e a lembrança de tantas torturas. Aos 17 anos, contei para minha família que era gay, esperando receber apoio, mas o que eu recebi foi muita violência, desamor e um convite para me tratar e me livrar desse mal que, segundo meus pais e irmãos religiosos, era a homossexualidade.

Me levaram para a igreja Católica da cidade e, após um pedido de minha mãe, o padre  sentou para conversar. Muito calmo, disse que o homossexualismo iria acabar comigo por dentro e que a culpa da violência que havia recebido [no caso, fui espancado] era minha. Não concordei, mas fiquei com a sensação de que o errado era eu mesmo, afinal ninguém da minha família falava comigo e, quando falavam, era para algum desaforo. Por que seriam tão ruins?

O padre me deu um livro que eu definhei lendo. Emagreci muito, fiquei abatido e a única a sensibilizar era a minha mãe, que me convenceu a ir a um psicólogo indicado por ‘curar gays’. No consultório, sentamos eu e minha mãe, contei o que estava ocorrendo e ele começou a fazer perguntas que tentassem descobrir algum trauma, alguma razão pela qual eu havia ‘me tornado gay’. Em menos de 10 minutos, ele disse que o homossexualismo era algo aprendido e que eu poderia desaprender.

Das dez perguntas seguintes, nove eram para saber se eu tive algum tipo de experiência com estupro e se a relação com meu pai era traumática. Perguntou: Desde quando você sente atração por homem? E eu: Não sei, acho que desde sempre. Então, ele falou bruscamente comigo, repetindo que isso era algo aprendido e que em algum momento da minha vida eu aprendi.

Fui para casa com remédios para ansiedade e pasmo com a explicação de que sou gay: a obesidade. “Você tem medo de mulheres e se esconde atrás da banha”, disse-me como se tivesse descoberto a roda. A falta de comida e o calmante me fizeram ser uma pessoa com os desejos adormecidos, mas ainda assim, quando pensava em alguém, continuava pensando em homens. Tentei mudar, orava, comprava revista de mulheres peladas, mas só me interessava pelos comerciais de cueca – inclusive um do Edmundo [risos].

Foi então que o psicólogo me deu a Gmagazine e me liberou para comer um pouco mais naquela semana, desde que utilizasse a revista e provocasse o vômito, toda vez que sentisse desejo sexual.  Mas estava tão triste, sem nenhum amor próprio e querendo ser outra pessoa que continuava a comer pouco e me forcei a vomitar várias vezes com a revista, sendo que em uma saiu um alface inteiro com sangue. Naquele dia, me masturbei chorando, perguntando “Por que eu? Com tantas pessoas no mundo, por que sou eu o gay?”.

Passei a estudar mais sobre a questão e vi que a psicologia não encarava o homossexual como doente e que o profissional que tentasse tratar de um gay, tentando fazê-lo hétero, poderia ter até perder a carteira profissional.  Na consulta seguinte, disse isso ao psicólogo e ele ficou branco. Minha mãe gritou: “Tá vendo? Ele não quer se ajudar”. E o psicólogo interveio, mudando o discurso: “Existem pessoas  ego-sintônicas e ego-distônicas, que significa estarem ou não em sintonia com as suas sexualidades. Neste caso, o Henrique é um homossexual ego-sintônico. Não há nada a se fazer”.

O psicólogo tentou uma terapia familiar, mas ninguém da minha família quis ir. Afinal, o doente era eu, né?. Me jogaram em um retiro espiritual da Igreja Católica, me fizeram escrever no grupo de jovens da igreja e me cobravam uma conduta exemplar para a sociedade. Nas celebrações, sempre havia alguma passagem em que falavam que a homossexualidade era um pecado gravíssimo ou diziam constrangedoramente olhando para mim: “Existe um irmão aqui que está com o pecado da homossexualidade, que ele saiba que isso... Vamos orar para a alma dele se libertar”.

Acreditem, a sensação de culpa consome qualquer pessoa, a lavagem cerebral estava me matando, eu queria mudar, me livrar daquela pressão toda, mas não conseguia. O que eu fazia era simplesmente reprimir a minha natureza, contorcendo algo intrínseco, tentando esquecer. Foi então que preparei para me matar. Escrevi uma carta dizendo que não queria viver um personagem e que, já que eu era errado, merecia morrer. Estava tudo preparado, mas eu já não tinha olhos de quem estava vivo.

Naquela noite, recebi uma visita da minha vó materna. Ela, que não era tão carola, perguntou por que eu havia definhado tanto e eu acabei revelando que era gay. Estava pronto para receber mais apedrejamento e ter mais coragem para acabar com aquela dor, mas ela disse: “Eu sei disso desde quando você era pequeno. Você sempre foi assim e eu, apesar de não entender muito bem, te amo da mesma maneira. Aliás, te amo ainda mais”.

Chorei muito e entendi que só o amor cura. Não a homossexualidade, mas a dor do preconceito. Saí de casa pouco tempo depois, comecei a morar sozinho, a pagar as minhas contas e a viver a minha sexualidade. Meus pais não toleram até hoje que eu leve um namorado para casa, eles demonstram estarem preocupados com a minha saúde e nem imaginam o trauma que me fazem carregar até hoje”
 
Fonte:

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Ministro da Saúde diz não ser correto propor 'cura' para homossexuais

Alexandre Padilha disse que 'reforçou' críticas a presidentes de comissões.
Proposta que permite 'tratamento' passará por duas comissões da Câmara

 

Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília


O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta quarta-feira (19) que "reforçou" a presidentes de comissões da Câmara críticas ao projeto que libera a chamada “cura gay”. A proposta foi aprovada nesta terça (18) na Comissão de Direitos Humanos da Casa e agora precisa passar pelas comissões de Seguridade Social e de Constituição e Justiça antes de ir ao plenário.
"Reforcei hoje ao presidente da Comissão de Seguridade e ao presidente da CCJ que não é correto um projeto de lei querer estabelecer cura para aquilo que não é doença”, disse Padilha. Para o ministro, os dois colegiados vão agir de “forma sensata”.

Padilha é o segundo ministro do governo da presidente Dilma Rousseff a se manifestar publicamente contra a proposta que determina o fim da proibição, pelo Conselho Federal de Psicologia, de tratamentos que se propõem a reverter a homossexualidade.

Nesta terça (18), a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, criticou a votação do projeto e disse que vai trabalhar para evitar que o texto seja aprovado em definitivo pelo Congresso Nacional. Depois da Câmara, o projeto ainda precisa passar pelo Senado.

Mais cedo nesta quarta, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Marco Feliciano (PSC-SP), afirmou que Maria do Rosário, está “mexendo onde não devia”.
“Dona ministra Maria do Rosário, dizer que o governo vai interferir no Legislativo é muito perigoso. Principalmente porque ela mexe com a bancada inteira, feita não só por religiosos. O projeto foi votado por delegados, advogados”, afirmou.

O deputado lembrou que 2014 é ano eleitoral e disse que a ministra deveria ter “mais juízo”. “Para a ministra falar que vai colocar toda máquina do governo para impedir um projeto, acho que ela está mexendo onde não devia. Senhora ministra, juízo. Fale com a sua presidente, porque o ano que vem é político.”

 Fonte:

http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/06/ministro-da-saude-diz-nao-ser-correto-propor-cura-para-homossexuais.html

'Homossexualidade não é doença', diz presidente do Conselho Federal de Psicologia

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Registre seu protesto sobre o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) no site da Câmara dos Deputados

Todos estão protestando contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, pela aprovação do do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) nº 234/2011, que suspende trechos da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99, que estabelece normas de atuação para profissionais de psicologia em relação a questões de orientação sexual. É bom lembrar que o projeto, mais conhecido como ‘cura gay’, é de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO).

 

Para deixar o seu protesto para os deputados, basta entrar em contato assim:

Deputado Pastor Marco Feliciano: telefone: (61) 3215-5254 – fax: 3215-2254 ou pela internet, clicando em http://bit.ly/11yOp9F

Deputado João Campos: telefone: telefone: (61) 3215-5315 – fax: 3215-2315 ou pela internet, clicando em http://bit.ly/10ycjHh

Para OAB, aprovação de 'cura gay' por comissão é 'lamentável'

Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou projeto na terça (18).
Proposta autoriza que psicólogo proponha tratamento de homossexual.

 

Mariana Oliveira Do G1, em Brasília

O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, classificou nesta quarta-feira (10) como "lamentável" a aprovação pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara do projeto que autoriza piscólogos a proporem tratamento para reverter a homossexualidade, a chamada "cura gay".

A sessão que aprovou a proposta foi presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que conseguiu colocá-la em votação após várias semanas de adiamento por causa de protestos e manobras parlamentares contra o projeto. Marco Feliciano é alvo de protestos desde que assumiu o cargo em razão de falas supostamente homofóbicas e racistas.

Para Wadih Damous, segundo nota da OAB, a aprovação é "mais um dos absurdos cometidos pela chamada de Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados". "É lamentável uma proposição como essa justamente no momento em que o país assiste a uma mobilização social capaz de enfrentar práticas fundamentalistas e dar efetividade à defesa e garantia dos direitos humanos", afirmou.

De autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), coordenador da Frente Parlamentar Evangélica, a proposta pede a extinção de dois artigos de uma resolução de 1999 do Conselho Federal de Psicologia. Um deles impede a atuação dos profissionais da psicologia para tratar homossexuais. O outro proíbe qualquer ação coercitiva em favor de orientações não solicitadas pelo paciente e determina que psicólogos não se pronunciem publicamente de modo a reforçar preconceitos em relação a homossexuais.
Na prática, se esses artigos forem retirados da resolução, os profissionais da psicologia estariam liberados para atuar em busca da suposta cura gay.

Antes de virar lei, o projeto ainda terá de ser analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça até chegar ao plenário da Câmara. Se aprovada pelos deputados federais, a proposta também terá de ser submetida à análise do Senado. Somente depois a matéria seguirá para promulgação pelo Congresso.

 Fonte:

http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/06/para-oab-aprovacao-de-cura-gay-por-comissao-e-lamentavel.html

terça-feira, 18 de junho de 2013

Comissão da Câmara tentará votar amanhã projeto da cura gay

O projeto derruba a aplicação de dispositivos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, em vigor desde 1999

Iolando Lourenço, da
 
 
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano, após reunião de líderes partidários no gabinete da presidência da Câmara dos Deputados. 
Marco Feliciano:  é mais uma das várias tentativas feitas para votar a matéria, que tem parecer favorável do relator, deputado Anderson Ferreira (PR-PE)

Brasília – O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), marcou para amanhã (18), às 14h, a votação do projeto de lei da cura gay. É mais uma das várias tentativas feitas para votar a matéria, que tem parecer favorável do relator, deputado Anderson Ferreira (PR-PE).
 
O projeto derruba a aplicação de dispositivos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, em vigor desde 1999, que proíbe os profissionais de participar de terapias para alterar a orientação sexual e de tratar a homossexualidade como doença. No dia 4 deste mês, houve pedido de vista coletiva do parecer do relator.
Também consta da pauta da comissão a votação de requerimento do deputado Pastor Eurico (PSB-PE), que requer a realização de audiência pública para debater “o problema da erotização das nossas crianças através de imagens, de músicas nos meios de comunicações, cartilhas educativas e demais

Fonte:

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Transexuais e travestis já podem utilizar nome social na UnB

Iniciativa foi aprovada após solicitação de aluno, mas professores se recusavam a chamá-lo pela nova identificação. 

 

Marcelo Caetano conseguiu direito de usar nome que escolheu em documentos internos da UnB mas esperava regulamentação (Foto: Mariana Costa/UnB Agência)

 Marcelo Caetano conseguiu direito de usar nome que escolheu em documentos internos da UnB mas esperava regulamentação.

 

Alunas e alunos de graduação e pós-graduação da Universidade de Brasília (UnB) já podem requisitar a inclusão do nome social na lista de chamada, comprovante de matrícula e carteira de identidade estudantil. A medida vai beneficiar estudantes travestis e transexuais que se sintam constrangidas e constrangidos ao serem identificadas ou identificados pelo nome civil na universidade. Em outros documentos acadêmicos, como diploma e histórico escolar, permanecerá a identificação conforme registro civil.

A iniciativa foi aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão em setembro do ano passado, após solicitação de aluno do curso de Ciência Política. O secretário de Administração Acadêmica, Arnaldo Carlos Alves, alerta para a ocorrência de uma “interpretação equivocada” da resolução por parte de estudantes. “Já temos pedidos de alunos que querem alterar os nomes para apelidos. Não é essa a ideia”, diz.

Interessadas e interessados devem procurar os postos avançados da Secretaria de Administração Acadêmica (SAA) e solicitar, por escrito, a alteração do nome – de preferência, manter o sobrenome.

Aluno lutava há um ano por nome social
Após enfrentar constrangimentos na biblioteca, no restaurante universitário e até em sala de aula, Marcelo Caetano, 23 anos, decidiu entrar com um pedido, em 2012, para que a UnB reconhecesse o seu nome social. Transexual há três anos, ele trocou o cabelo comprido pelo visual masculino e não quer ser mais conhecido pelo nome feminino que aparece na carteira de identidade.

"Os professores, de maneira geral, se recusam a me chamar de Marcelo. Na biblioteca e no RU, já fui barrado porque os funcionários olham para o nome da carteirinha e dizem que não sou eu", conta o estudante do quarto semestre de ciência política. Cansado dessa situação, ele procurou a direção da universidade e pediu que a identificação do RG seja substituída pelo nome escolhido quando passou a se reconhecer como homem. A UnB aceitou o pedido e anunciou em setembro do ano passado que todas as alunas e todos os alunos transexuais e travestis poderiam adotar o nome social, mas passado todo esse tempo a norma ainda não entrou em vigor.

Ameaças na universidade
Marcelo Caetano conta que aprendeu a lidar desde cedo com o preconceito. Negro e de família nordestina, ele sofria com as brincadeiras na escola desde pequeno. "Eu sabia que era diferente das outras crianças, mas não sei dizer se o preconceito era por causa da orientação sexual, ou por ser negro e nordestino. Tudo sempre se misturou, é uma discriminação tripla", conta. Ao terminar o ensino médio em Santos (SP), ele foi aprovado direito na Universidade Federal do Paraná (PR), em Curitiba. Foi lá que decidiu assumir a nova identidade.

Os cabelos longos foram cortados e os amigos ajudaram a escolher o novo nome. "Na UFPR o nome social já era institucionalizado, então foi bem tranquilo. Claro que algumas pessoas comentavam, eu percebia isso, mas não eram próximas a mim, então não me preocupei. Meus amigos sempre me apoiaram", conta. Já na relação familiar a aceitação foi mais difícil, mas Marcelo prefere não entrar em detalhes.

Como não gostou do curso de direito, ele fez vestibular para a UnB e, com a aprovação, mudou-se para Brasília. A adaptação na universidade foi tranquila, mas a resistência à adoção do nome social incomoda. "Na UFPR eu passei por todo o processo de transformação, algumas pessoas acharam estranho me ver como homem. Mas na UnB eu já cheguei da forma como sou hoje, então nesse ponto foi mais tranquilo. Mas ainda enfrento muito preconceito", afirma.

Marcelo conta que já sofreu várias ameaças de outros alunos, mas nunca chegou a ser agredido fisicamente. "São várias acusações verbais, como 'vou te ensinar a ser homem' ou 'vou te pegar veadinho'". Para ele, o que acontece dentro da universidade é reflexo do preconceito que ainda existe na sociedade. "Sou parado com frequência nas ruas de Brasília pela polícia. Eu sou negro, os policiais me veem com desconfiança. E quando olham meus documentos, a situação se agrava ainda mais porque percebem meu nome de mulher. Não sou só transexual, sou uma série de vetores que se unem."

Grupo de trabalho tenta coibir homofobia na universidade
Criado em 2011, o Grupo de Trabalho de Combate à Homofobia da UnB já precisou lidar com diversos casos de agressão a estudantes LGBT - como a de uma menina que foi agredida em fevereiro deste ano no estacionamento da instituição. No curso de direito, pichações com punho homofóbico precisaram ser removidas diversas vezes. Para o professor José Zuchiwschi, o grupo de trabalho tenta coibir esses atos de violência de forma pedagógica - sem atitude repressora.

"Não queremos ser policialescos, mas trabalhar de forma didática para que as pessoas entendam a multiplicidade que ocorre aqui dentro", afirma. Segundo ele, entre as principais iniciativas está "garantir que os currículos de cada curso englobem a discussão sobre a diversidade e os direitos humanos", conta, apesar de confirmar que existem muitas resistências. "Assim como na sociedade, precisamos romper com várias barreiras", complementa.


 
Na recepção aos calouros no começo deste ano, foram disponibilizados diversos materiais educativos para tentar evitar o preconceito com os alunos LGBT. Um disque-denúncia também deve ser criado este ano para que os estudantes possam denunciar agressões físicas e verbais. Sobre os atos de violência registrados na universidade nos últimos anos, ele diz que representam uma tentativa de calar o movimento LGBT por meio de ameaças. "Quanto maior a nossa visibilidade, maior a ação dos grupos contrários, que querem que a gente fique no armário. Mas isso não nos impede de continuar na nossa militância para que os direitos sejam respeitados", completa.

Vice-presidente da Associação Brasileira de Homens Trans, Marcelo Caetano acredita na força política para lutar pela igualdade. "A associação foi o espaço que eu encontrei para travar essa batalha contra o preconceito", conta o estudante. 


Fonte: http://www.gay1.com.br/2013/06/transexuais-e-travestis-ja-podem.html#.Ub-1BJw3-M-


Austrália inclui alternativa para transexuais em documentos

A Austrália incluirá uma terceira opção ao lado de "homem" e "mulher", nos documentos oficiais para reconhecer os transexuais e intersexuais (antes chamados hermafroditas), informaram nesta sexta-feira fontes oficiais.


O procurador-geral Mark Dreyfus declarou em comunicado que a nova legislação, que entrará em vigor a partir de 1º de julho, dará uma opção adequada para muitas pessoas se identificarem. "Essas diretrizes significarão uma melhoria prática na vida diária dos transexuais, intersexuais e de qualquer gênero. É o compromisso com que todos sejam tratados com respeito pelos departamentos e agências do governo australiano", disse Dreyfus.


"Reconhecemos o direito de as pessoas se identificarem em sua comunidade com a identidade sexual que lhe atribuíram quando nasceram e durante a infância, assim como na categoria de sexo indeterminado", explicou o procurador australiano.


Ele acrescentou que a identidade de gênero "deverá ser reconhecida e refletida em seus documentos pessoais dos diferentes departamentos e agências". Para escolher a categoria "intersexual", os interessados deverão ter um certificado médico, e os que optaram por realizar operação não precisarão provar.

Desde 2011, os passaportes australianos contam com uma opção "X" para os transexuais, intersexuais ou pessoas que se consideram como "sexo neutro".

Fonte: