domingo, 7 de julho de 2013

Nem dá para acreditar

Oásis: em meio às dificuldades do SUS no País inteiro, é possível encontrar em Campinas um atendimento humanizado e de qualidade
Eduardo Gregori
gregori@rac.com.br
Foto: Cesar Rodrigues/AAN
Cesar Rodrigues/AAN
Desde janeiro, o CR/DST Aids realizou 2,5 mil testes e estima que chegue aos 4 mil até o final deste ano

Em meio às deficiências da saúde pública no Brasil, tente imaginar um sistema que atenda com hora marcada, ofereça tratamento multidisciplinar e humanizado, proximidade com médicos e, ainda, custeie os medicamentos. Parece algo incomum até mesmo para quem dispõe de planos privados, mas não é. Uma saúde assim, que funciona como um relógio suíço, é possível e existe em Campinas.


No mesmo complexo do Hospital Ouro Verde (como em tantos outros da cidade), em que pacientes têm que chegar cedo e enfrentar fila para agendar uma consulta, fica o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) / Ambulatório de Hepatites Virais. É um serviço da Prefeitura que prima pelo atendimento diferenciado e cujas diretrizes promovem o acolhimento de pacientes, orientando funcionários sobre como lidar com um público ainda vítima de preconceitos.


“A diferença entre o CTA e o serviço público em geral é que ele é focado no paciente e busca a humanização”, explica Heloísa de Castro, coordenadora do CTA Ouro Verde. O centro oferece gratuitamente testes para hepatites e HIV, serviço de ambulatório e funciona como consultório para pacientes dessas enfermidades. O usuário percebe o conforto na primeira visita, normalmente para o teste ou coleta de sangue. Se do lado de fora a espera é em pé, no CTA há cadeiras, revistas, televisão, além de material de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) como informativos, preservativos e lubrificantes.


As consultas são agendadas e os medicamentos, prescritos pela equipe médica para que possam ser retirados na farmácia de alto custo da Prefeitura ou em centros de saúde. “Utilizamos o sistema da Prefeitura para o agendamento das consultas. O paciente é informado do dia e do horário de seu atendimento e quando não vem, há uma recepcionista ou enfermeira que telefona para saber o motivo da falta e reagendar a consulta”, explica Heloísa. Mas não é apenas a estrutura que funciona nesse esquema. A diretriz do CTA e também do Centro de Referência do Programa Municipal (CR) DST/Aids da Prefeitura de Campinas, prevê a capacitação de profissionais que irão trabalhar diretamente com o público.


Foto: Cesar Rodrigues/AAN
Cesar Rodrigues/AAN
Heloísa de Castro (à esquerda) e Cláudia Barros, coordenadoras do CTA Ouro Verde e do Campinas CR/DST Aids, respectivamente




“Acolhimento, ética e sigilo norteiam o nosso trabalho e essa orientação vai do vigia ao médico. Quando recebemos um candidato a funcionário, explicamos que, se quiser trabalhar aqui, é preciso estar ciente de que terá de lidar com pessoas que normalmente são vítimas de discriminação. Deixamos claro que se essa pessoa tem algum problema com diversidades, seja sexual, de raça, credo ou social, então melhor é se capacitar ou buscar uma vaga em outra unidade de saúde”, afirma Cláudia Barros, coordenadora do CR/DST Aids.


Para Heloísa de Castro, o crescimento no número de testagem e na adesão ao tratamento é fundamentado pelo principal objetivo dos serviços do CTA e do CR/DST Aids: o paciente. “O atendimento que desenvolvemos é fruto de uma disposição interna em ouvir o usuário. É preciso entender o que ele necessita e levar essa discussão para as equipes”, explica a coordenadora. Só neste ano já passaram pelo atendimento do CTA 1,5 mil pessoas que estão em tratamento ou pediram informação.


“Há pouco tempo, as campanhas de testagem não tinham a adesão que têm atualmente. Hoje, quando vamos para as ruas, as pessoas se interessam e fazem o teste”, afirma a coordenadora Heloísa de Castro. O CR/DST Aids registra crescimento de usuários que buscam informação, testes, tratamento e medicamentos. De acordo com a coordenadora, desde o mês de janeiro, o centro realizou 2,5 mil testes e estima que chegue a 4 mil até o final deste ano. Atualmente, outras 2,5 mil pessoas já estão em tratamento no CR/DST Aids.


Os dois centros oferecem tratamento multidisciplinar no mesmo local.


No CTA, além de clínico especializado em infectologia e DSTs, o usuário conta com apoio de psicólogo, assistente social e enfermeiro. No CR/DST Aids o atendimento é ainda mais amplo e oferece, além desses, nutricionista, homeopata, dentista e equipe de apoio com auxiliares de enfermagem, agentes de saúde e recepcionistas. O centro também funciona como farmácia dispensadora do Ministério da Saúde, o que permite que os usuários possam retirar gratuitamente os medicamentos prescritos logo após a consulta.


Desde janeiro, o CR/DST Aids realizou 2,5 mil testes e estima que chegue aos 4 mil até o final deste ano

  Fase delicada

A comerciante Rosemary (nome fictício) prefere não mostrar o rosto nem ser identificada pelo verdadeiro nome. O medo da discriminação, mesmo em família, faz com que ela prefira não tornar pública sua condição de HIV positiva. Ela contraiu o vírus do marido, morto há cinco anos e com quem conviveu por mais de 30. “Não imaginava que em um casamento de tantos anos, eu pudesse passar por isso”, conta. Apesar do receio do preconceito, Rosemary está em tratamento desde a morte do marido.


“Fiquei preocupada quando ele ficou doente e foi diagnosticado, já próximo da morte. Acho que ele não acreditava que pudesse ser contaminado e nem procurou um médico. Quando o seu estado se agravou consegui interná-lo e aí foi diagnosticado. Um mês depois ele morreu e o médico me orientou a procurar o CR/DST Aids e a fazer o exame. Fiz e fui diagnosticada também”, lembra.


Após o impacto pela descoberta, Rosemary foi atendida por um psicólogo e durante as sessões se sentiu segura para dar os primeiros passos no tratamento. “Me senti amparada. Estava perdida e não podia dividir a notícia com os meus filhos; não naquele momento. Pensava que ia morrer de repente e pensei na vergonha que daria a eles. Mas a equipe do centro me orientou, me ajudou a entender que existe tratamento e que posso ter qualidade de vida”, lembra.


No CR/DST Aids há cinco anos, a comerciante se submete regularmente a consultas, coletas de sangue, além de retirar medicamentos. “É um serviço humanizado. Os profissionais não te olham como se você tivesse uma doença amaldiçoada. Meus médicos me acompanham de perto, sempre atentos à minha saúde. Me sinto tão confortada que consegui contar para os meus filhos, que também me acolheram de braços abertos. Só tenho a agradecer”, comemora.


Foto: Camila Moreira/AAN
Camila Moreira/AAN
Adriano Moneta, paciente do CTA Ouro Verde: Numa data em que eu deveria ter ido para coletar sangue, não apareci. O CTA me ligou perguntando por que eu não tinha ido. Isso, para mim, foi demais. Uma tremenda demonstração de organização e preocupação com o paciente.



Quem usa aprova
O jornalista Adriano Kirche Moneta descobriu por acaso, no ano passado, que era portador do vírus da hepatite C. “Eu estava fazendo um check-up de rotina na cardiologia. As taxas altas de transaminases que apareceram nos exames alertaram para algum problema no fígado. Elas indicam, grosso modo, que o fígado está inflamado”, lembra. Morando em São Paulo e dividindo as jornadas de trabalho entre a Capital e Campinas, Moneta procurou tratamento em São Paulo, sem muito sucesso.


“Procurei um hepatologista particular que me atendia via convênio médico. Ele possuía milhares de pacientes, não dava a atenção devida e depois de três consultas ainda não sabia o meu nome. O consultório era forrado de gente, levava horas para me atender. Demorava para avaliar os exames, viajava muito ao Exterior para congressos e afins. Enfim, não atendia a minha expectativa e meu tratamento ficou parado por quase nove meses”, conta.


Por indicação de um amigo, o jornalista procurou o CTA Ouro Verde, e iniciou o tratamento. “Apareci no centro numa sexta-feira com todos os meus exames e disse que gostaria de me cadastrar no programa. A pessoa que me atendeu foi bastante simpática e me pediu para esperar, o que levou cerca de 10 minutos. Não estava lotado, como imaginei. Fiz meu cadastro e fui encaminhado a uma consulta com o médico que até hoje me acompanha no tratamento”, explica o jornalista. Além de se tratar com o infectologista, Moneta solicitou uma consulta com um psicólogo.


“Estava com medo dos efeitos colaterais do tratamento, mas não tive e não tenho quase nenhum. Além disso, no mesmo dia já me deram vacina contra hepatite B e marcaram a segunda e a terceira doses. Numa data em que eu deveria ter ido lá para coletar sangue para exames, não apareci, pois iria fazê-lo por meio do meu convênio e esqueci de avisar. O CTA me ligou perguntando por que eu não tinha ido. Isso, para mim, foi demais. Uma tremenda demonstração de organização e preocupação com o paciente.”


Moneta destaca também a organização do serviço prestado pelo CTA. “É muito profissional, tranquilo, eficientíssimo e humano. Quando finalmente comecei o tratamento, o médico me deu um cronograma de aplicações, exames e consultas, tudo de acordo com a data que resolvi começar. As enfermeiras me deram uma verdadeira aula de como preparar a injeção de interferon, como e em quais lugares do corpo aplicar, quais cuidados deveria ter, enfim, tudo mesmo. Recebi seringas descartáveis, algodão embalado embebido em álcool, caixa para descartar produtos hospitalares e até antitérmicos, caso eu precisasse”, afirma.


O jornalista lembra ainda que, no meio do tratamento, sofreu outro problema de saúde (sem ligação com a hepatite C) e contou com suporte médico do CTA. “Contatei o médico do CTA e o informei. O Dr. Leandro Cesar Mendes, se mostrou absolutamente presente e preocupado com esse episódio. Foi perceptível o cuidado que este profissional teve comigo. Algo que não precisava ocorrer. Mas ele fez questão”, afirma.


Desde janeiro, o CR/DST Aids realizou 2,5 mil testes e estima que chegue aos 4 mil até o final deste ano
Ponto de vista

Descobri que tinha hepatite C durante exames para minha cirurgia bariátrica. Como jornalista, já havia entrevistado especialistas no assunto e procurei a Cláudia Barros do CR/DST Aids para orientação. Ela me indicou o CTA e lá fui atendido pela Dra. Raquel Tozzo. Foram oito meses de tratamento, fase difícil e muito debilitante. Só não desisti por minha força de vontade e por ela, que foi muito profissional e muito humana. Muitas vezes senti como se ela fosse minha médica de família. Daquelas que ainda se importam de verdade com você. Recebi vários e-mails dela para saber como eu me sentia e em todas as vezes que fiquei mal e pedi orientação fui atendido. Ela também lutou para que eu pudesse ter acesso aos medicamentos que necessitava. Não há como não agradecer a ela, às enfermeiras e à equipe do CTA que sempre me receberam com carinho, sentimento que confesso nunca pensei em encontrar no serviço público. Isso fez a diferença no tratamento e permitiu que eu chegasse ao fim completamente curado.

Eduardo Gregori é editor dos cadernos de Cultura e de Turismo do Correio Popular


Onde fica: 
CTA Ouro Verde
Funciona dentro do Hospital Ouro Verde
Testagam gratuita para HIV e hepatites virais
Atendimento de segunda a
sexta-feira, das 7h às 19h
CR/DST Aids
Funciona na Rua Regente Feijó, 637, Centro
Testagem gratuita para HIV
das 10h às 18h
Atendimento das 7h às 20h

Fonte:
http://metropole.rac.com.br/_conteudo/2013/07/capa/leia_mais/77420-nem-da-para-acreditar.html

sexta-feira, 5 de julho de 2013

MENINAS QUE JOGAM FUTEBOL E MENINOS BAILARINOS FALAM SOBRE PRECONCEITO

 


Na Copa das Confederações de Neymar, Fred e cia., que termina amanhã, não há espaço para meninas. Mas elas estão dando um jeito de invadir o campo de futebol.

As gêmeas Laís e Larissa Martins, 11, sabem bem que esse não é um esporte só para os homens.

Elas fazem parte de um time de futebol mirim do Rio. Foi Laís quem se interessou primeiro pelo esporte, influenciada pelo irmão mais velho.

Ela começou no Vasco da Gama, jogando com meninos, e chegou a disputar um torneio com a equipe. "Os meninos falavam 'Essa menina não joga nada'. Mas, quando entrei em campo, viram que eu jogava bem", contou Laís, que sonha em entrar para a seleção brasileira.

Ela não se incomoda com as pessoas que acham que o esporte é coisa de menino: "Bobagem, meninas jogam muito bem".

Larissa tem uma reclamação a fazer: "Tem mais torneios para meninos".

As duas são fãs de Marta, da seleção brasileira. A jogadora acha que há preconceito. "No Brasil, a modalidade é considerada amadora, não há liga profissional."

BAILARINOS

Assim como jogadoras de futebol, meninos que fazem balé sofrem preconceito. Denílson Afonso, 12, faz balé há quatro anos e quer ser profissional como seu ídolo, o bailarino russo Mikhail Baryshnikov.

Apesar do apoio da família, sofre com colegas. "Já sofri muito bullying na escola. Acho idiotice, cada um faz o que quer."

"Eles são excluídos. Nem podem pedir para ir ao banheiro porque tem alguém esperando no corredor para brigar. E são chamados de 'bailarina'", disse a mãe de Denílson, Ionai Afonso.

Colega de Denílson na escola de dança, Jônatas Lopes, 11, estuda balé há seis anos. Ele também convive com as provocações na escola e já foi até agredido uma vez por colegas.

"Muitas pessoas me zoam e outras não. Para mim, isso não tem nada a ver. Algumas coisas que são para menina também podem servir para meninos", disse Jônatas.

E os homens têm papel de destaque nos palcos. O brasileiro Thiago Soares, por exemplo, é o principal bailarino do prestigiado Royal Ballet de Londres desde 2006. Ele diz que hoje há mais espaço para os homens.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2013/06/1302943-meninas-que-jogam-bola-e-meninos-bailarinos-falam-sobre-preconceito.shtml

Curitiba - dia 12/07 - campanha GRATUITA de vacinação para transexuais e travestis - contra HEPATITE, TÉTANO/DIFTERIA

 

O Transgrupo Marcela Prado em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, convida a todas as pessoas TRAVESTIS E TRANSEXUAIS, de Curitiba e Região metropolitana, no dia 12/07/2013 das 13h às 18h, na sede do Transgrupo , na AV. Marechal Floriano Peixoto nº 366, sala 42, centro em Curitiba, para VACINAÇÃO contra HEPATITE, TÉTANO/DIFTERIA E FEBRE AMARELA.
Não percam esta oportunidade, será GRATUITA....
INFORMAÇÕES: (41) 3322-3129/96381057

Fonte:

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Estão abertas, até 31 de julho, as inscrições para A Cor da Cultura

Estão abertas, até 31 de julho, as inscrições para o 1ª edital convocatório de universidades/faculdades/institutos de ensino superior públicas, em âmbito nacional, visando o desenvolvimento de projeto de ensino e/ou pesquisa para seu corpo discente, para o A Cor da Cultura III, projeto desenvolvido pela Fundação Roberto Marinho, com o apoio da PETROBRAS, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial – SEPPIR, do Ministério da Educação – MEC, do Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro – CIDAN, da Fundação Cultural Palmares e da TV Globo.




O A Cor da Cultura é um projeto social de valorização do patrimônio cultural afro-brasileiro e de reconhecimento da história e da contribuição da população negra à sociedade brasileira e que tem como objetivo o apoio à implementação da Lei 10.639/03, que indica a obrigatoriedade da inclusão da história e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar.

http://www.acordacultura.org.br/notícia-01-07-2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Musica em Cena

#Denuncie #Disque100 #DigaNãoÀHomofobia #DigaNãoÀLesbofobia #DigaNãoÀTransfobia

Casos de homofobia triplicam em 2012 e SUS terá de notificar violência contra gays. Foram registrados 4.851 casos de violência homofóbica no ano passado ante 1.713 em 2011, segundo o governo. Mude essa realidade. 


Você sabia?



 

30% das camisinhas no mundo são adquiridas por mulheres? Por isso, meninas, não tenham vergonha de se proteger, e nem esperem pelo parceiro. Passe hoje mesmo no posto de saúde mais próximo e apanhe as suas!