quinta-feira, 27 de junho de 2013

SUS vai registrar casos de agressão por homofobia

 

O Ministério da Saúde vai tornar obrigatório o registro dos casos de violência por homofobia atendidos na rede pública de saúde. A iniciativa será aplicada a partir de agosto aos estados de Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e, em janeiro do próximo ano, será estendida ao restante do país. O anúncio da obrigatoriedade ocorreu nesta quinta-feira (27) durante o lançamento do Sistema Nacional de Promoção de Direitos e Enfrentamento à Violência contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (Sistema Nacional LGBT), pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Na ocasião também foi apresentado Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil em 2012, produzido pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, considera que a obrigatoriedade da notificação será uma ferramenta importante de promoção e de garantia de direitos à comunidade LGBT. Segundo ele, o preenchimento de um formulário pelo profissional que realizou o atendimento vai tornar visível a dimensão real do problema da homofobia. “É fundamental conhecer a magnitude das violências que acometem esta população, identificando quem são as vítimas, quais os principais tipos de violências, locais de ocorrência, a motivação, a oportunidade do uso do nome social, dentre outras informações”, afirmou o ministro. Ele explicou que este conhecimento vai servir para a formulação e implementação de políticas públicas de enfrentamento às violências homofóbicas e políticas públicas de atenção e proteção à população LGBT.

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) já registra os atendimentos de violência contra mulheres, idosos, crianças e adolescentes. O SINAN fornece subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área. A Lista de Notificação Compulsória (LNC) é composta por agravos e eventos selecionados de acordo com critérios de magnitude, potencial de disseminação, transcendência, vulnerabilidade, disponibilidade de medidas de controle e compromissos internacionais com programas de erradicação, entre outros fatores.

Documento – O Relatório sobre Violência Homofóbica aponta que, em 2012, ocorreram 3.084 denúncias e 9.982 violações de direitos humanos relacionadas à identidade de gênero. Isso representa um crescimento significativo, se comparado ao ano anterior, quando foram registrados 1.159 casos de denúncias de violência e 6.809 violações de direitos. Também houve crescimento de 183% do registro de vítimas de violência por homofobia, subindo de 1713 para 4.851. A maioria das vítimas (61,16%) tinha idade entre 15 e 29 anos. O documento foi realizado a partir da base de dados do Disque Direitos Humanos, Central de Atendimento à Mulher e 136 da Ouvidoria do Ministério da Saúde.

“O crescimento no número de denúncias mostra a confiabilidade nos sistemas que estamos instituindo e produzindo no Brasil”, observou a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário. Segundo ela, o recebimento dessas acusações configura um passo importante porque resulta em atitudes. “Quando recebemos estas denúncias, temos que mover uma rede de proteção e atendimento às vítimas”, complementou a ministra.

Para o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, O enfrentamento à violência requer a ação conjunta de diversos setores: saúde, segurança pública, justiça, educação, assistência social. “O SUS vai fornecer dados seguros para que sejam formuladas políticas públicas eficientes, preservando a integridade desta população”, ressaltou o secretário.
Sistema Nacional LGBT – Para qualificar e ampliar o atendimento à população LGBT, familiares, amigos e vítimas da discriminação, além de potencializar ações nas áreas de direitos humanos, segurança pública e assistência social, foi criado o sistema Nacional LGBT. Pretende-se integrar todas as entidades existentes no país, mas que funcionam de forma desarticulada. também, e construir um tripé formado pelos conselhos, coordenadorias e planos estaduais e municipais LGBT.

Fonte: Fabiane Schmidt / Agência Saúde

Veja AMOR EM FRAGMENTOS no TEATRO SESI AMOREIRAS

AMOR EM FRAGMENTOS
DIA 28, SEXTA, ÀS 20H.
Não recomendado para menores de 16 anos - Teatro, Performance, Dança e Música - Duração: 60 min

Sinopse: Livre adaptação Amor em Fragmentos, inspirada no livro Fragmentos de um discurso amoroso, de Roland Barthes, O espetáculo propõe a transposição da palavra para o corpo dos atores. Corpo móvel, imóvel, corpo expressivo, corpo fragmentado, corpo que dança, corpo de amor. Extrapolando o sentido semântico, a palavra ganha vida nas conexões entre os corpos e suas relações com o tempo e o espaço, criando as imagens desse discurso amoroso. O ator é um agente criador de imagens, é como um pincel em cena que por meio de ações desenha pelo espaço, e nesse movimento seu próprio corpo se torna uma imagem.


POR UMA ESTRELA
DIAS 29 E 30, SÁBADO E DOMINGO, ÀS 16H
Livre - Teatro de Formas Animadas - Duração: 50 min

Sinopse: Em uma linda história com muita poesia, o grupo conta a saga de um menino e uma menina que nascem no mesmo dia e crescem juntos numa pequena vila de pescadores, numa ilha no Norte brasileiro. Durante o dia, eles brincam na praia, mergulham para ver os peixes coloridos e constroem castelos de areia. Quando a noite chega, a brincadeira deles preferida é esperar, em silêncio e de olhos bem abertos, as estrela cadentes... Eles se tornam amigos verdadeiros. Um dia, a menina, agora adolescente, tem de ir embora, e o menino cresce sem esquecer sua grande amiga. Passa os dias solitário, não brinca mais. O olhar melancólico mira a imensidão do mar, numa espera inútil pela volta da jovem. Em suas noites vazias, fica a imaginar em qual das estrelas ela vive. Homem feito e, ainda assim, de frente para o mar, vasculha o horizonte, com o coração chorando de saudades. Ele não quer mais saber das estrelas cadentes, sua procura é por uma estrela. Uma bonita e poética história de amor, que emociona o público.
 

TEATRO SESI AMOREIRAS
(os ingressos devem ser retirados com 1 h de antecedência)
O Teatro SESI Campinas fica na Av. das Amoreiras, 450 Pq. Itália - Próximo ao Hospital Mário Gatti

DAMA DE ESPADA | Muito prazer, eu existo!!!


As travestis são um grupo de pessoas numa linha tênue: a da falência do binarismo de gênero. 
Por Janaina Lima



Quando fui gerada, ainda na barriga de mamãe, começou uma disputa por minha identidade: umas/uns diziam “será menininho”; outrxs, “será menininha”. Como ainda não tínhamos acesso ao ultrassom, as pessoas partiam a lançar possibilidades a partir de suas crenças, do tipo: “Olha a barriga pontuda”; “Vejam: caiu um garfo, será isso; caiu uma colher, será aquilo”; “Olha o formato da barriga”; “Olha, chuta como um jogar de futebol!!!”.

Só que, ao nascer, esqueceram suas crendices e olharam logo no meio das pernas: sim, nasci de parto natural, em casa, portanto várias pessoas esperavam para ver aquela criatura sair da barriga e vir ao mundo dos machos e fêmeas. E aquelas pessoas, que diziam tudo saber, viram meu escroto e comemoraram: é macho!

A partir daí começaram as especulações do que eu seria, mas com a certeza de que eu era um homem e, assim, teria grandes vantagens dentro da sociedade.

E foi assim que vim ao mundo com grandes perspectivas sobre minha identidade, mas também com várias limitações, porque, segundo o manual do binarismo de gênero – que até hoje não encontrei o maldito que escreveu! –, homem pode isso e não pode aquilo.

Mas aí, conforme fui crescendo, percebi que era diferente das demais crianças ao meu redor. Os meninos não me queriam em suas rodinhas porque diziam que eu era diferente deles, e o mesmo acontecia com as meninas, que não me reconheciam. Eles, porém, me apresentaram diversas identidades para que eu pudesse escolher uma, dentre elas: bichinha, boiola, baitola, fresco, viadinho, mariquinha, entre outras. Só sei que, por fim, quando atingi a adolescência, me passaram uma nova identidade: afirmaram que eu era GAY. E lá fui eu procurar os gays, para compreender o que de fato eu era. E eis que, para minha surpresa, os gays disseram que eu me comportava muito diferente deles e que era melhor eu procurar outra turma.
E lá fui eu tentar achar que turma era essa que eles diziam parecer comigo, porque, embora tivesse pênis, não me comportava como o macho provedor e poderoso da sociedade.

Eis que conheço um grupo de pessoas que estão em uma linha muito tênue: recusam o papel de macho, mas não aceitam o papel da fêmea submissa; estou falando desses seres que eu identifico como “a falência do binarismo de gênero”, conhecidas popularmente como TRAVESTIS.

Calma aí, não estou falando do travesti do dicionário, nem de uma pessoa louca por sexo; estou falando de uma figura emblemática, que coloca em questão o macho e a fêmea de nossa sociedade, que traz diversas interrogações acerca do que é ser feminino e masculino em nossas vivências.



Você conhece alguma travesti ao seu redor e que ainda não tenha passado pelo processo de higienização da sociedade? Porque, se ela passar e for corrompida, deixará de ser travesti e passará a ser uma transexual – com definição no CID 10 (Código Internacional de Doenças) porque algumas acreditam que, se assumindo assim, passam a ter o mínimo de cidadania garantida, o que é uma grande mentira pregada em nossa sociedade, porque ser homem ou mulher (transexual em nossa sociedade seria uma pessoa que nasceu em um corpo errado, mas se encaixa perfeitamente em um dos dois) não é garantia de cidadania. Se eu, você ou qualquer um que não tenha seus direitos respeitados quiser ter alguma garantia, terá que deixar o lado pouco confortável de vítima e partir para a luta, questionando as imposições de uma sociedade machista, sexista e misógina, impostas por um passado imperialista.

Muito prazer, eu existo e estou aqui para ajudar na transformação de uma sociedade mais justa e igualitária nos direitos das pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

 Janaina Lima é nascida no Nordeste e criada no Sudeste do Brasil. Ativista do movimento nacional de travestis e do Grupo Identidade, de Campinas (SP), não abre mão de questionar a forma como o binarismo de gênero oprime aquelxs que ousam transpassar o limite das imposições.

Fonte:

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Documentário: Povo de Santo

Balneário Camboriú realiza em agosto a 2a Semana da Diversidade


 












Balneário Camboriú, em Santa Catariana, sedia a 2ª Semana da Diversidade entre os dias 14 e 18 de agosto.

A programação inclui apresentação cultural, seminário educativo e passeios. A concentração da Parada, no dia 18, será na praça Almirante Tamandaré, na Avenida Atlântica, e o trajeto será até o Pontal Barra Norte. Para mais informações, acesse: www.semanadiversidadebc.com.br