Claudete Borges mora no Jardim São Luís, sul de São Paulo. Acorda 5h30 todo dia e se divide entre duas escolas públicas até chegar em casa exausta à noite, depois de 2 ônibus e meia hora a pé. Ganha mal, trabalha mais de 12 horas por dia, não tem assistência médica e encara centenas de alunos diariamente. É a cara do professor brasileiro. Muitos de seus colegas sofrem ainda graves problemas de saúde, de depressão a síndrome do pânico, reflexos da violência em sala de aula. Leia mais sobre Claudete e os professores brasileiros na Carta Capital que chega às bancas amanhã.
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domingo, 19 de maio de 2013
Na Unifesp, cotistas e não cotistas têm média igual
CARLOS LORDELO - O Estado de S.Paulo
Os alunos cotistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) tiveram média 0,06 ponto (em uma escala de zero a dez) inferior à dos não cotistas em 2012 - diferença de apenas 1,26%. A distância entre as notas foi maior no câmpus da capital (6,65%), onde funcionam cursos como Medicina e Enfermagem. Na Baixada Santista, por outro lado, o desempenho dos beneficiários da política afirmativa foi 8,71% superior ao dos demais colegas.
O levantamento, feito pela Pró-Reitoria de Graduação e obtido pelo Estado, leva em conta a média ponderada de todos os 9.671 estudantes matriculados em 2012. Desses, 669 (7,22%) eram cotistas. Neste ano, a instituição guardou 15% das vagas dos processos seletivos para quem cursou o ensino médio na rede pública. A reserva crescerá até atingir 50% em 2016, como prevê a Lei de Cotas.
Diferentemente da atual legislação, a política adotada pela Unifesp de 2005 a 2012 não considerava o critério renda. Do total de vagas abertas anualmente, 10% eram reservadas para candidatos que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas e haviam cursado o ensino médio em escolas públicas.
"A concorrência entre esse grupo de alunos era bem superior à do sistema universal", diz a pró-reitora Maria Angélica Minhoto. "Isso teve como consequência a supersseleção de ingressantes cotistas, o que possivelmente favoreceu a existência de condições similares para o desempenho acadêmico."
Lei sancionada em agosto pela presidente Dilma Rousseff determina que até 2016 metade das vagas das federais de ensino superior seja ocupada por ex-alunos da rede pública. Dessas, metade estará guardada para estudantes com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa (R$ 1.017). Haverá ainda uma espécie de subcota para a soma de pretos, pardos e indígenas, conforme a distribuição desse grupo na população de cada Estado - em São Paulo, esta taxa é de 35%.
Maria Angélica acredita que a adequação à lei vai alterar significativamente o perfil dos alunos, principalmente nos cursos mais concorridos. "Serão exigidos esforços adicionais e já estamos negociando e cobrando do Ministério da Educação mais recursos materiais e humanos para enfrentar questões relativas à permanência estudantil."
Segundo a vice-presidente da Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp), Virginia Junqueira, a pesquisa mostra que o cotista "se esforça tremendamente para acompanhar o curso". Para ela, os professores terão de se adaptar à chegada de mais alunos da rede pública.
Para o professor do Departamento de Microbiologia, Imunobiologia e Parasitologia Renato Mortara, haverá queda no nível acadêmico dos alunos. "Essa diferença de notas me preocupa e tende a crescer."
Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,na-unifesp-cotistas-e-nao-cotistas-tem-media-igual-,1033240,0.htm
Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,na-unifesp-cotistas-e-nao-cotistas-tem-media-igual-,1033240,0.htm
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