Publicação já conta com mais de 1.600 verbetes e expressões típicas do modo de falar baiano e terá lançamento de edição, nesta sexta (21), na Associação Atlética da Bahia
Diga aí freguês! Oxe, que muvuca que é essa aí? Não
vá que é barril! Vou dar um zig... Na moral, a gente broca... Aos
ouvidos de quem não nasceu em Salvador essas expressões podem soar
vulgares e sem explicação, mas nos diálogos entre os soteropolitanos são
mais do que suficientes para dar conta de determinadas situações do
cotidiano. O carioca Nivaldo Lariu acrescentou muitas delas à edição que
comemora os 21 anos do seu 'Dicionário Baianês', que é relançado em
dois modelos, com capa normal e outro em capa dura com fita marcadora do
Senhor do Bonfim. A apresentação da nova edição acontece nesta sexta
(21), em coquetel especial para convidados, na Associação Atlética da
Bahia. A tiragem especial conta com 200 mil exemplares e mais uma
novidade: uma terceira publicação ilustrada com fotos, que também será
apresentada logo mais.
Nascido no Rio de Janeiro, Lariu se interessou pelas
expressões baianas assim que chegou em Salvador. Ele conta que tinha
mesmo o hábito de ouvir conversas em ônibus e por onde andava e anotava
tudo. "Muitas vezes até deixava para descer em um ponto depois do meu só
para terminar de ouvir as conversas", lembra.
Ao longo do tempo tomou nota e deu corpo à primeira
boneca do livro. Carregava este material embaixo do braço para todos os
lugares na tentativa de encontrar alguém que se interessasse pelo
trabalho. "Bati em várias portas e recebei vários não", comenta. Até que
um dia, em um evento, conheceu o professor e historiador Cid Teixeira a
quem apresentou a tal boneca do livro.
O professor, um apaixonado pela cultura popular
baiana, logo reconhecu o valor daqueles registros e tratou de marcar com
Lariu uma reunião fora dali para falar sobre a publicação. Segundo o
autor, Cid comentou, criticou, sugeriu e assim ajudou a dar um norte
para se chegar à publicação. Por isso, na comemoração dos 21 anos, ele
também recebe homenagem especial.
Como um bom contador de histórias, Nivaldo Lariu
comenta ainda que as expressões ditas e registradas no livro ganham mais
força, sobretudo, pelo gestual e o tom de voz que acompanham a palavra.
Isso é, na visão do autor, o que imprime a dita baianidade.
Observador nato da manifestação popular, ele diz que
não para de buscar novidades no código de comunicação do baiano e, por
isso, a cada nova edição o 'Dicionário de Baianês' ganha novas
expressões e palavras. O livro, que nasceu com 700 expressões já tem
hoje 1.600 expressões. Só nesta nova tiragem, 100 delas foram
acrescentadas, como por exemplo 'de meio dia pra tarde', dita só pelos
baianos. "Quando surge alguma novidade, espero sedimentar para
acrescentar, pois existem expressões que entram na moda e depois são
esquecidas, a exemplo de 'Toda Boa'; já outras acabam pegando como
'miseravão'", conta Lariu.