domingo, 9 de fevereiro de 2014

Cuidado com vibrador e sexo oral evita DSTs entre lésbicas

Mulheres precisam tomar cuidado para não contrair DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) também ao ter relações sexuais com parceiras do mesmo sexo. O risco de se contaminar é menor do que nas relações heterossexuais ou entre dois homens, mas existe, enfatiza o médico e colunista do UOL Jairo Bouer nesta edição do @saúde.

No sexo oral, os riscos de se contrair uma DST são os mesmos qualquer que seja a configuração do casal. "Para evitar o contato direto da mucosa da boca com a vagina, as mulheres podem usar filmes plásticos ou uma camisinha cortada no formato de um quadrado", recomenda Jairo.
  • Thinkstock Os riscos de se contrair uma DST pelo sexo oral também existem entre garotas
O colunista lembra que também existe risco de contaminação no compartilhamento de vibradores e outros artigos eróticos. "Se a mulher usa e passa para a outra usar pode acabar transferindo bactérias, vírus e fungos de uma vagina para outra", diz.

O melhor é que cada uma tenha o seu "brinquedo" ou que ele seja bem lavado antes de passar de uma para a outra. Ou, ainda, pode-se usar uma camisinha no vibrador e trocá-la quando a parceira for usar.
Assista aos demais programas do Jairo no UOL Saúde. E se você tem alguma pergunta sobre saúde, sexo ou comportamento, envie para drjairobouer@uol.com.br. Algumas questões serão selecionadas e respondidas nos futuros vídeos.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2014/02/06/cuidados-no-sexo-oral-e-com-vibradores-evitam-dsts-entre-mulheres.htm

"O direito à liberdade de expressão não inclui o direito à liberdade de fazer com ela o que quer que seja" - por Jânio de Freitas

Colunista afirma que a apresentadora Rachel Sherazade passou dos limites ao fazer apologia à violência e propor violações aos direitos humanos, no caso do jovem que foi acorrentado no Rio de Janeiro;  "O direito à liberdade de expressão não inclui o direito à liberdade de fazer com ela o que quer que seja. Se não fosse assim, a liberdade de expressão incluiria até a de pregar a extinção do regime que a mantém"

A liberdade de expressão não é absoluta e não pode ser usada para justificar crimes, como apologia à violência e violações de direitos humanos. É o que diz o jornalista Janio de Freitas, sobre comentário feito pela apresentadora Rachel Sherazade, do SBT, sobre um jovem que foi acorrentado e agredido por justiceiros no Rio de Janeiro.

Uso sem moderação
O direito à liberdade de expressão não inclui o direito à liberdade de fazer com ela o que quer que seja
O repúdio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio ao que considerou apoio de Rachel Sheherazade, do jornal "SBT Brasil", aos que agrediram e acorrentaram nu a um poste um adolescente, por eles acusado de roubos, expressa bem a confusão de conceitos e de condutas que se dissemina, e degrada, quase sem resistência.

A apresentadora e seu parceiro, Joseval Peixoto, invocaram, como base institucional do seu argumento, a "absoluta liberdade de expressão". "E nós não abrimos mão desse direito", o que motiva os votos de que continuem ou passem a defendê-lo. Mas o que foi posto em questão não é aquela liberdade nem o respectivo direito.

A liberdade de expressão foi plenamente exercida pela apresentadora em seu comentário à agressão e ao acorrentamento do adolescente. No caso e em infinitos outros, o problema está no modo como essa custosa liberdade é usada. O direito à liberdade de expressão não inclui o direito à liberdade de fazer com ela o que quer que seja. Se não fosse assim, a liberdade de expressão incluiria até a de pregar a extinção do regime que a mantém. E, para não haver sequer vapor de dúvida a respeito, a Constituição adotou como cláusula pétrea, ou seja, irremovível e imutável, a absoluta proibição de qualquer ato contrário ao pleno Estado de Direito.

A nota do sindicato apontou, no comentário de Sheherazade, violação dos direitos humanos, do Estatuto da Criança e do Adolescente e apologia à violência. Tréplica da apresentadora: "O que eu defendi foi o direito da população de se defender quando o Estado é omisso, quando a polícia não chega. Isso está na lei". Não há nenhuma lei que conceda à sociedade, nem mesmo à polícia e a juiz fora de função, o direito de fazer pretensa justiça por conta própria. O que, é óbvio, se dá quando uma pessoa é surrada, posta nua e acorrentada a um poste na rua.

Fonte: http://www.geledes.org.br/em-debate/colunistas/23199-o-direito-a-liberdade-de-expressao-nao-inclui-o-direito-a-liberdade-de-fazer-com-ela-o-que-quer-que-seja-por-janio-de-freitas

"A religião na política fere o estado laico e não nos representa"


Religião na política acaba por estimular não apenas o preconceito (pela dificuldade de aceitar diferenças), como o ódio decorrente de sua demonstração pública – do que o crescimento da violência homofóbica é claro indício

Por Marcelo Semer, em seu blog
No afã de defender Marco Feliciano das críticas recebidas por amplos setores da sociedade, o blogueiro de Veja, Reinaldo Azevedo, disse que era puro preconceito o fato de ele ser constantemente chamado de pastor.

Infelizmente não é.

Pastor Marco Feliciano é o nome regimental do deputado, como está inscrito na Câmara e com o qual disputou as últimas eleições.

Há vários casos de candidatos que acrescentam a sua profissão como forma de maior identificação com o eleitorado, como o Professor Luizinho ou ainda a Juíza Denise Frossard.

Marco Feliciano não está na mesma situação –sua evocação é um claro chamado para o ingresso da religião na política, que arrepia a quem quer que ainda guarde a esperança de manter intacta a noção de estado laico.

A religião pode até ser um veículo para a celebração do bem comum, mas seu espaço é nitidamente diverso.

Na democracia, o bem comum é uma construção coletiva e, por natureza, includente. Quanto mais pessoas fazem parte da decisão, mais ela se legitima.

A religião é, por si só, excludente, e seus dogmas sobre o bem e o mal não estão sob escrutínio popular.
Suas ‘verdades absolutas’ não fazem parte do ambiente de negociação, próprio da atividade política. Esta busca, ainda, se amoldar à vontade social e não apenas forjá-la, como regras rígidas de um credo.

A definição da moral e a punição a quem dela se desvia, que pode ser até inerente ao religioso, quando consagrado à virtude, não tem espaço na vida republicana. Regrar os demais por uma concepção própria de vida não passa de um abuso de direito.

A religião na política acaba por estimular não apenas o preconceito (pela dificuldade de aceitar diferenças), como o ódio decorrente de sua demonstração pública – do que o crescimento da violência homofóbica é claro indício.
Se as leis de um Estado devem valer ao conjunto de seus cidadãos, as religiosas só alcançam aqueles que se entregam a fé. A catequese imposta, mesmo que por vias indiretas, como a de impingir a todos a crença de apenas alguns, é própria de estados teológicos.

Alimentado, todavia, por interesses partidários, dos mais variados matizes e ideologias, lobbies religiosos estão ganhando trânsito no governo e também na oposição, seduzidos uns e outros pelo volume de potenciais eleitores e pela enorme penetração nos meios de comunicação de massa.


O futuro nos espera, assim, em uma esquina sombria.

O caso Feliciano pode ser maior do que a questão religiosa, mas resumi-lo ao folclore de suas desastradas declarações, desprezando os riscos desta vinculação, seria uma tremenda imprudência.

É certo que o episódio vem desgastando os partidos, que relegaram a comissão de direitos humanos a um terceiro escalão.

Mas, ao mesmo tempo, também revelou uma sociedade mais madura, tolerante e engajada. Que reagiu às vezes com ira, às vezes com graça, mas quase uníssona em um daqueles momentos de defesa da liberdade que costumam deixar marcas.

No cálculo eleitoral, no entanto, analistas já preveem que o deputado deve ter mais votos no próximo pleito, e que todo esse desgaste, enfim, terá valido a pena para ele.

Pode ser até o mesmo cálculo que outros tantos famosos, como personagens do escândalo, colunistas do insulto ou humoristas da ofensa, costumam fazer quando investem pesado em uma grande polêmica.
Afinal de contas, já faz tempo que aquela regra cínica da política “falem mal, mas falem de mim”, foi transformada na máxima das celebridades em busca de atenção: “falo mal para que falem de mim”.

Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/04/religiao-politica-estado-laico.html



Novo ato contra homofobia é convocado dia 11 de fevereiro em São Paulo.

Dia 11 a misteriosa e trágica morte do garoto Kaique completa exatamente um mês. Apesar da família ter aceito a prematura tese de suicídio da polícia, pairam muitas dúvidas, pois o caso precisa ser melhor investigado e ainda aguarda-se o laudo do IML. Uma semana depois outro garoto de 18 anos, Bruno, foi violentamente morto por ser gay, após ser assaltado. Uma gangue de skatistas foi presa pelo crime e admitiu que tinha como alvo o público gay que frequenta a região da Augusta/Frei Caneca e centro. Mas outros casos de homofobia foram relatados posteriormente, o que mostra que têm mais grupos atuando.

Dezenas de outros casos de agressão a gays vem ocorrendo na região, sem que a polícia e o Governo tomem providências efetivas para reforço de policiamento e investigação efetiva dos grupos de ódio. Travestis e transexuais são assassinados e agredidos cotidianamente sem qualquer proteção e resposta do Governo. Na região do ABC, grupo de skinheads volta a se articular o que prenuncia novos ataques, como o que vitimou brutalmente Edson Néris morto na Praça da República no ano de 2000 justamente por uma gangue de skinheads.

Por isso mesmo, no dia 11 de fevereiro terça a partir das 17 horas, o movimento LGBT convoca para um novo ato em frente à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, na Rua Libero Badaró, 39, no centro de São Paulo pedindo mais segurança, investigação e a criminalização da homo/transfobia. Enquanto isso, lá em cima em Brasília, parlamentares ligados à bancada evangélica, contando com o conluio e omissão do Governo Dilma Rousseff enterraram a PLC 122, lei que combateria não só a homofobia, mas também toda forma de preconceito contra portadores de necessidades especiais, de origem (migrantes) e até mesmo de intolerância religiosa.

Não podemos ficar calados ante à barbarie que se avizinha. Contamos com sua presença e divulgação! Aqui o evento do facebook https://www.facebook.com/events/216928925165361/

ato110214

sábado, 8 de fevereiro de 2014

I CONGRESSO DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO CARIRI


Para fazer sua inscrição online:
https://docs.google.com/forms/d/1UhdY1LYtPYTzt6aFlc7zuqc3Bz9KenIuFcInzTvy-3o/viewform
"COMPARTILHEM", curtam e comentem.
Abrace essa causa você também. Vamos derrubar muros entre religiões e evoluir a nossa educação!
Nao importa seu credo, nem sua cor e nem seu local de origem. Vamos juntos reconstruir nossos antigos conceitos. Quebrar os paradigmas que a sociedade nos impôs!


sábado, 19 de outubro de 2013

Campanha A Juventude quer Viver: Pelo Fim dos Autos de Resistência

O projeto de Lei 4471/12 altera o Código de Processo Penal e acaba com o recurso dos ‘autos de resistência’, exigindo investigação em casos de mortes violentas e lesões corporais graves ocorridas em ações policiais. Trata-se de uma medida que impede que estes casos sejam classificadas como "autos de resistência" e estabelece regras claras para a investigação com vistas a coibir práticas de extermínio e de execução extrajudicial.


Entre os pontos que o projeto altera, estão a proibição do acompanhamento do exame de corpo de delito por pessoa estranha ao quadro de peritos, a obrigatoriedade de documentação fotográfica e coleta de vestígios em casos de morte violenta e exame interno do cadáver, sempre que a morte ocorra em com envolvimento de agentes do Estado. Reivindicações antigas do movimento social que podem ser transformadas em Lei pela decisão do Congresso Nacional.
No Brasil ao lado de uma  crescente onda de violência  há também um alto grau de descrença nas instituições policiais tanto pela percepção da violência praticadas por membros destas corporações quanto pelas várias pesquisas que revelam que é grande o número de pessoas – especialmente jovens negros e do sexo masculino – que são vítimas de execução praticada por policiais em ações obscuras e vítimas desaparecidas e cujas mortes jamais são investigadas. O caso do ajudante de pedreiro Amarildo, no Rio de Janeiro, é um exemplo nacional da tragédia cotidiana de milhares de brasileiros e brasileiras.
 
Neste sentido, nós, da Pastoral da Juventude, em consonância com diversas organizações religiosas e sociais do Brasil, apoiamos este projeto que extingue os “autos de resistência” e lutamos pela sua aprovação no Congresso Nacional. Sabemos que é preciso fortalecer o trabalho da defesa dos Direitos Humanos, no combate ao racismo e na luta pela superação de toda a forma de violência e por isso nos manifestamos claramente em defesa deste importante instrumento de combate às violações por parte de agentes do Estado.
 
As leis devem ser aplicadas de forma justa e transparente e as ações da Polícia investigadas como as de qualquer outro cidadão no Estado Democrático. A lisura na vigilância sobre nossos aparatos de segurança é um princípio para garantia do direito à vida e para a manutenção da dignidade humana.
 
Não desejamos uma Polícia opressora, especialmente em um país com diversas e complexas desigualdades sociais, que cobram do Poder Público ações de cidadania e não de violência. Nenhuma morte é apenas estatística. Em defesa da vida e contra o extermínio pedimos a aprovação do PL 4471/2012 e o fim dos autos de resistência já!
 
#FimDosAutosDeResistência
Autor/Fonte: A juventude quer viver!
Pastoral da Juventude

Igrejas pressionam Estados a isentar templos de imposto sobre água e luz

Uma ofensiva de bancadas evangélicas pelo país levou ao menos 11 Estados a criar ou a analisar a isenção de ICMS para igrejas em contas de luz, água e telefone.

Leis sobre o assunto já foram sancionadas em cinco Estados (Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul). As dos dois últimos são as mais recentes, neste ano.
 
As justificativas vão desde promover "maior eficácia à liberdade religiosa" a contribuir para o trabalho social das igrejas. Em algumas Assembleias, como a de São Paulo, a proposta ainda está sob análise dos deputados.

Entre os autores há parlamentares do PRB, partido ligado à Igreja Universal. Alguns projetos são "clonados" e têm trechos iguais em diferentes partes do país.

A Folha procurou os governos dos Estados onde a lei já existe e questionou sobre quanto deixa de ser arrecadado com a isenção. Apenas Santa Catarina fez uma estimativa: o governo afirma que há uma perda de R$ 2,8 milhões por ano com o benefício dado a 9.500 templos.

Em outros Estados mais populosos, como o Rio, primeiro a adotar a norma, o valor tende a ser superior. Nas contas de energia e telefone, o ICMS cobrado costuma ser de 25% do valor da despesa.
No Paraná, o governo local recorreu ao Supremo Tribunal Federal para derrubar a lei, mas perdeu a causa.
No julgamento, em 2010, os ministros consideraram que a Constituição garante imunidade a impostos a "templos de qualquer culto".

Em ao menos quatro Estados, governadores já vetaram leis desses tipo porque entenderam que a Constituição fala em isentar a tributação sobre renda e patrimônio, e isso não envolve um imposto de mercadorias e serviços.

Em Mato Grosso, a lei concedendo o benefício foi vetada no governo passado, mas a bancada evangélica voltou a tentar emplacá-la agora.

Deputados autores desses projetos afirmam que a cobrança de ICMS é ilegal e que não estão criando um benefício novo, mas regulando algo previsto na Constituição.

Editoria de Arte/Folhapress
O deputado estadual Gilmaci Santos (PRB-SP), autor de proposta sobre o assunto, diz que a ideia veio de grupos evangélicos com os quais tem contato. "Em igrejas maiores, com vários templos, as contas ficam lá em cima e pesam bastante", diz Santos, que é pastor da Universal.

O procurador do Estado do Paraná Cesar Binder, que atuou na causa no STF, afirma que, ao estabelecer uma lei como essa, o governo abre mão de receita e corre o risco de desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

"Pode levar ao descontrole. Se todas as aquisições [compras] são isentas ou não incidem tributo, vira o caos. Todo dia são realizadas milhares de operações por essas pessoas, templos e igrejas."
Em Estados como Pernambuco e Paraíba, a iniciativa não avançou no Legislativo.

O professor de sociologia da USP Ricardo Mariano, que pesquisa religiões, vê na iniciativa "corporativismo" da bancada evangélica, que coincide com o aumento do poder político desse grupo.
Ele afirma que os deputados eleitos como representantes de igrejas precisam mostrar serviço para fiéis e tentam obter privilégios, como financiamento público para suas atividades. "A isenção do ICMS é parte de um fenômeno mais amplo", diz.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/10/1359051-igrejas-pressionam-estados-a-isentar-templos-de-imposto-sobre-agua-e-luz.shtml

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Mães do Paraná, vamos nos unir pelos nossos filhos?

Vem aí MARCHA Zumbi dos Palmares - Campinas (20/11)

Quando sua mãe diz que é gorda.

image
Por Kasey Edwards

Querida mãe,
Eu tinha sete anos quando descobri que você era gorda, feia e horrorosa.

Até então, eu acreditava que você era linda – em todos os sentidos da palavra. Eu lembro de fuçar os antigos álbuns e ficar um bom tempo olhando para fotos suas no deck de um barco. Seu maiô branco, tomara que caia, parecia glamuroso como o de uma estrela de cinema. Sempre que eu tinha a chance, tirava aquele maiô maravilhoso do fundo do seu armário e ficava imaginando quando é que eu seria grande o suficiente para vesti-lo, quando é que eu seria como você.

Mas numa noite, tudo isso mudou. Estávamos todos vestidos para uma festa e você me disse: “Olha para você, tão magra e bonita. E olha para mim, gorda, feia, horrorosa.”
De primeira, não entendi o que você quis dizer.

“Você não é gorda.” - eu disse, inocente e com sinceridade - ao que você respondeu, “Sim, eu sou, querida. Sempre fui gorda, desde criança.”

Nos dias seguintes, eu tive algumas revelações doloridas, que moldaram a minha vida toda. Concluí que:
1. você deveria ser mesmo gorda, porque mães não mentem.
2. gordo é sinônimo de feio e horroroso.

3. quando eu crescesse, seria como você e, portanto, seria gorda, feia e horrorosa também.
Passados alguns anos, eu revivi essa conversa e todas as centenas de outras que vieram depois e tive muita raiva de você. Por não se julgar atraente ou digna de atenção. Por ser tão insegura. Porque, como meu grande modelo de mulher, você me ensinou a agir assim também.

A cada careta que você fazia em frente ao espelho, a cada nova dieta do momento que iria mudar sua vida, a cada colherada culpada de “ai, eu não devia”, eu aprendia que mulheres deveriam ser magras para serem dignas e socialmente aceitas. Que meninas deveriam passar por privações porque a maior contribuição delas para o mundo era a aparência física.

Exatamente como você, eu passei a minha vida inteira me sentindo gorda – (nem sei quando foi que “gorda” se tornou um sentimento). E porque eu acreditava que era gorda, também me achava imprestável.
Mas os anos se passaram. Sou mãe. E sei que te culpar por minha péssima relação com meu corpo é inútil e injusto. Hoje entendo que você também é um produto de uma longa linhagem de mulheres que foram ensinadas a se odiar.

Olha só para o exemplo que a vovó te deu. Era uma vítima da própria aparência, e fez regime todos os dias da vida dela até morrer, aos 79 anos. Costumava se maquiar para ir ao correio, por medo de alguém vê-la de cara lavada.

Eu lembro do “suporte” que ela te deu quando você anunciou que papai tinha te deixado por outra mulher. O primeiro comentário dela foi, “Eu não entendo porque ele te deixaria. Você se cuida, usa batom. Entendo que você esteja acima do peso, mas não é muito.”
Papai também não te acalentava.

“Meu Deus, Jan”, uma vez ouvi ele te dizer. “Não é difícil. Calorias consumidas x calorias gastas. Se você quer perder peso, você só tem que comer menos.”

image

Aquela noite, no jantar, eu assisti você implementar essa dica milagrosa de emagrecimento do papai. Você preparou um chow mein para o jantar (se lembra como, nos anos 80, no subúrbio da Austrália, essa combinação de carne moída, repolho e shoyu era considerada o melhor da culinária exótica?). A comida de todo mundo estava em um prato comum, mas a sua estava em um pratinho de sobremesa.

Enquanto você sentava em frente a sua patética porção de carne moída, lágrimas silenciosas escorriam pelo seu rosto. Eu não disse nada. Nem quando os seus ombros começaram a curvar por causa do seu incomodo. Ninguém te amparou. Ninguém te disse para deixar de ser ridícula e se servir um prato decente. Ninguém te disse que você já era amada, já era boa o suficiente. Suas conquistas e seu valor – como professora de crianças com necessidades especiais e mãe de três filhos – eram repetidamente reduzidos à insignificância quando comparados aos centímetros de cintura que você não conseguia perder.

Me despedaçou o coração testemunhar seu desespero, e sinto muito por não ter te defendido. Eu já tinha aprendido, àquela altura, que você ser gorda era culpa sua. Eu tinha ouvido papai falar de perder peso como um processo “muito simples” – coisa que, ainda assim, você não conseguia fazer. A lição: você não merecia comer e com certeza não merecia nenhuma compreensão.

Mas eu estava errada, mãe. Hoje eu entendo o que é crescer em uma sociedade que diz para as mulheres que a beleza delas é o que mais importa, e, ao mesmo tempo, define padrões estéticos absoluta e eternamente fora de alcance. Eu também entendo a dor que é internalizar essas mensagens. Nós acabamos nos tornando nossos próprios carcereiros e nos impomos punições sempre que não conseguimos chegar lá. Ninguém é mais cruel conosco do que nós mesmas.
Mas essa maluquice precisa acabar, mãe.

Acaba com você, acaba comigo. Acaba agora. Merecemos mais – mais que ter dias horríveis por pensamentos ligados a nossa péssima forma física, desejando que ela fosse diferente. E não é mais só sobre você e eu. É também sobre a Violet. Sua neta tem apenas 3 anos e eu não quero que esse ódio ao corpo tome conta dela e estrangule sua felicidade, sua confiança, seu potencial. Eu não quero que ela acredite que a aparência é o maior ativo que ela possui, e que vai definir o valor dela no mundo. Quando a Violet nos olha para aprender a ser uma mulher, precisamos ser os melhores modelos que pudermos. Precisamos mostrar para ela, com palavras e com as nossas ações, que as mulheres são boas o suficiente exatamente como são. E para ela acreditar, nós precisamos acreditar primeiro.

Quanto mais velhas ficamos, mais pessoas queridas perdemos, doentes ou em acidentes. A perda é sempre trágica, sempre muito precoce. Às vezes eu penso o que essas pessoas não dariam para ter mais tempo num corpo saudável. Um corpo que as permitisse viver um pouco mais. O tamanho das coxas ou os pés de galinha não importariam. Seria vivo, e portanto seria perfeito.
O seu corpo é perfeito.

Ele te permite desarmar todo mundo com seu sorriso, contaminar cada um com sua risada. Te dá seus braços para envolver a Violet e apertá-la até ela gargalhar. Cada momento que gastamos nos preocupando com a nossa forma física é um momento jogado fora, um pedaço precioso de vida que a gente não vai recuperar nunca mais.

Vamos honrar e respeitar nossos corpos pelo que eles fazem ao invés de desprezá-los pelo que eles são. Vamos manter o foco em viver vidas saudáveis e ativas, deixar nosso peso de lado e largar nosso ódio ao corpo no passado, que é onde ele merece ficar.
Quando eu olhava para aquela foto sua de maiô branco anos atrás, meus olhos inocentes de criança enxergavam a verdade. Eu via amor incondicional, beleza e sabedoria. Eu via a minha mãe.

Com amor,
Kasey.

NotaTexto original em inglês, escrito por Kasey Edwards e publicado no Daily Life. Traduzimos com a autorização da autora. Agradecemos.
Kasey Edwards passou mais de uma década escalando os degraus corporativos como consultora até acordar uma manhã e descobrir que não queria mais ir ao trabalho. Nunca mais. Mistura humor, irreverência e muita pesquisa para escrever sobre satisfação no trabalho, maternidade, FIV, auto-estima e imagem. Mora em Melbourne com seu marido e a filha, e é autora de quatro best-sellers

Fonte: http://blog.cinese.me/post/63559684186/quando-sua-mae-diz-que-e-gorda