quarta-feira, 15 de maio de 2013

Assista ao mini-documentário "No Brasil de Cris e Tati - a luta pela Liberdade".


"O filme conta a história de Cristiano Lucas e Tatiana Lionço, professores que, têm sido sistematicamente perseguidos por deputados federais como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano devido à sua militância em prol dos Direitos Humanos. Após serem alvos de uma campanha difamatória na internet, comandada pelos deputados, eles vivem em risco diante das ameaças de grupos de extrema direita, neonazistas e fundamentalistas religiosos." (Créditos: Cia Revolucionária Triângulo Rosa)

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Em agosto de 2012, o deputado Jean Wyllys e palestrantes do IX Seminário LGBT entrarm com Representação Criminal contra Jair Bolsonaro pela realização de uma vídeo-montagem com as falas das filmagens que se encontravam então disponíveis no site oficial da Câmara dos Deputados sobre o IX Seminário LGBT. As imagens foram recortadas, as informações manipuladas, distorcidas e juntadas em uma colagem de má-fé com único objetivo de ofuscar as importantes e necessárias discussões que foram feitas durante o debate de profissionais sérios e dedicados.

Tanto o Deputado Federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) quanto os outros participantes do vídeo foram e continuam sendo difamados através de sites religiosos e redes sociais que insistem em proliferar esse vídeo criminoso. ( http://migre.me/ez3vj )

Em abril de 2013, os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Domingos Dutra (PT-MA) decidiram representar criminalmente – por calúnia, difamação, falsificação de documento público, injúria, falsidade ideológica, formação de quadrilha e improbidade administrativa – o deputado Pastor Marco Feliciano, o pastor Silas Malafaia, e os assessores parlamentares Rafael Octávio, Joelson Tenório, André Luis de Oliveira, Roseli Octávio e Wellington de Oliveira, por produzirem vídeos, notas, postagens em redes sociais, ou colaborarem ativamente na propagação destas, atribuindo aos deputados, entre outros, a defesa da pedofilia como bandeira política. ( http://migre.me/ez3Bz )

Tais deputados também se reuniram com a Vice Procuradora Geral da República, Deborah Duprat, a fim de discutir a importância e urgência da representação protocolada naquele órgão ( http://migre.me/ez3Ma ). Após essa reunião, a Procuradoria Geral da República pediu ao STF inquérito sobre as denúncias ( http://migre.me/ez3Nx ).

Ainda em abril de 2013, a campanha difamatória que vem sendo difundida na internet contra os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Domingos Dutra (PT-MA) e os ativistas Tatiana Lionço e Cristiano Lucas Ferreira, foi pauta de uma reunião com a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (CDH/OAB). Durante a reunião, ficou acordado que um fórum nacional de enfrentamento às campanhas difamatórias será criado em conjunto com a Frente em Defesa dos Direitos Humanos e Minorias e da Frente Mista pela Cidadania LGBT, a CDHM/OAB , a Secretaria de Direitos Humanos, entidades em defesa dos direitos humanos e representantes do movimento. Outros encaminhamentos da reunião foram: Sugerir à SDH a criação de um programa especifico sobre as campanhas de ódio; agendamento de reunião com o José Eduardo Cardozo, Ministro da Justiça; a criação de uma procuradoria de direitos humanos com indicação da presidência da CDH/OAB do advogado Antônio Rodrigo Machado e o acompanhamento pela OAB dos casos dos professores e ativistas Tatiana Lionço e Cristiano.
( http://migre.me/ez3Gg )

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O documentário "No Brasil de Cris e Tati - a luta pela liberdade" é uma produção da OCUP - Organização de Comunicação Popular Universitária. ( http://facebook.com/ocupdf )

(ASCOM)
— com Cia Revolucionaria Triangulo Rosa. 




Colcha feita pelas Mães pela Igualdade juntamente com o Famílias Fora do Armário com os 338 nomes das vítimas fatais da homofobia/transfobia em 2012.

Sesc Campinas traz programação para celebrar o Dia Mundial da Diversidade Cultural


Atividades incluem exibições do Festival Mix Brasil de cinema e vídeo da diversidade cultural. Entre 14 e 28 de maio, com entrada gratuita
 
A Assembleia Geral da ONU instituiu o dia 21 de maio como o Dia Mundial da Diversidade Cultural com o objetivo de promover o reconhecimento, o respeito, o diálogo e o desenvolvimento entre os povos. Para celebrar a data, do dia 14 ao dia 28 de maio, o Sesc Campinas traz uma programação especial que propõe a reflexão sobre a Diversidade Sexual.

Através de bate-papos, ações educativas e apresentações artísticas, o Sesc busca alcançar a interação entre os grupos, o reconhecimento das diferenças, a valorização de identidades e o exercício constante ao respeito mútuo.
Vários temas serão discutidos nos bate-papos: o respeito às diferenças e o reconhecimento do “outro”; a internet como ferramenta de reivindicação e mobilização de minorias sociais; gênero e sexualidade (bate-papo intergeracional); e ainda um encontro para discutir com familiares e educadores a temática educacional em relação gênero e sexualidade entre crianças e adolescentes.
Além dos encontros, ações educativas como “Que Corpo é Esse?” une a vivência sensorial nos módulos da Exposição Energia com a exibição de dois curtas. Outros curtas e um longa serão exibidos, incluindo curtas do Festival Mix Brasil de cinema e vídeo da diversidade sexual seguido de um bate-papo com os diretores e organizadores do festival.
A apresentação artística fica por conta de Daniel Peixoto & Os Héteros Cearenses. O cantor, natural de Crato, Ceará, é ex-modelo e deslanchou sua carreira de cantor ganhando destaque e reconhecimento mundial com o projeto Montage, uma banda de electro rock hoje já extinta. No mês de maio Daniel Peixoto lança mundialmente seu novo CD “Don’t Give Up” e dá início a sua segunda turnê latina. As atividades e apresentações do especial Dia Mundial da Diversidade Cultural são todas gratuitas. 
Programação:
15/5 - Cultura Digital – 19hLocal: Sala de Internet LivreBate-papo com Diego Jiquilin, autor do blog Transfeminismo (um importante espaço virtual de trocas de informações entre e sobre as pessoas transgêneras). Será abordada a utilização da Internet como ferramenta de reivindicação, mobilização política, ponto de encontro e discussão de minorias sociais.
19/5 - Música - Daniel Peixoto & Os Héteros Cearenses – 16h30Local: Teatro SescDaniel Peixoto, com suas letras e performances provocantes, é uma importante referência da música eletrônica brasileira. Cearense do Crato, o cantor e ex-modelo, começou a chamar atenção com o projeto Montage. Neste mês lança mundialmente "Don´t Give Up", CD com 9 faixas, e sai para sua segunda turnê latina.
24/5 - Construindo Saberes: Discutindo gênero e sexualidade entre as crianças e adolescentes – 19h e 21h
Local: Sala de múltiplo Uso
Este encontro tem como objetivo discutir e compartilhar com mães, pais, familiares, educadores, pesquisadores, reflexões relativas à temática educacional. Em maio, teremos como temática “Esse é de menino, esse é de menina: discutindo gênero e sexualidade entre as crianças e adolescentes”. A convidada é Fernanda Roveri, pedagoga, autora do livro “Barbie na Educação de meninas: do rosa ao choque".
25/5 – Vivência: Que corpo é esse? – 15h
Local: Sala de Atividades
Vivência sensorial aos módulos da Exposição Energia onde os participantes podem explorar as sensações e sentidos, como o tato, olfato e audição. A vivência é acompanhada da exibição dos curtas "Paola" (18 min) e "Os sapatos de Aristeu" (17 min).
21/5 - Festival Mix de Cultura da Diversidade Circulação de longas e curtas metragens que tratam da temática LGBT – 19h
Local: Teatro Sesc
Exibição de curtas seguida de bate-papo com os diretores organizadores do Festival. “Desvelo” (BA, 2012, dir. Clarissa Rebouças), “Vestido de Laerte” (SP, 2012, dir. Pedro Marques e Claudia Priscila), “Três vezes por semana” (RS, 2011, dir. Cris Reque), “Quando a noite acaba em silêncio” (SP, 2011, dir. Hebert Bianchi), “A inevitável história de Letícia Diniz” (RJ, 2012, dir. Marcelo Pedreira), “Gaydar” (RJ, 2012, dir. Felipe Cabral).
28/5 - Exibição do longa “Mia” – 19h
Local: Teatro Sesc
Ale é uma travesti vivendo em uma pequena comunidade de gays e transexuais na favela de Buenos Aires. Eles são ‘catadores’, párias da sociedade, que sobrevivem através da coleta e reciclagem de lixo nas ruas. Um dia, Ale se depara com o diário pessoal.

Serviço:

Dia Mundial da Diversidade Cultural
Local: Sesc Campinas. R. Dom José I, 270 / 333, bairro Bonfim - Campinas. (19) 3737-1500
Data: entre 14 e 28 de maio
Entrada: gratuita

Fonte: assessoria de imprensa
http://www.campinas.com.br/cultura/2013/05/sesc-campinas-traz-programacao-para-celebrar-o-dia-mundial-da-diversidade-cultural

Programação do dia 18 de maio em Hortolândia // Dia Nacional de Combate e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

ATO SOLENE EM COMEMORAÇÃO A "SEMANA DE SOLIDARIEDADE AOS POVOS AFRICANOS" - LEI 10.196/1999

“Preservar a Memória é uma das formas de construir a história e o elo entre Brasil e Continente Africano, o berço da humanidade. Os Povos Africanos tiveram um papel fundamental na construção do nosso País, tanto na formação étnica, quanto na produção das riquezas, com especial contribuição na cultura, em questões como a música, dança, costumes e culinária”.


Local:
Plenário "José Maria Matosinho" - Av. Roberto Mange, 66 - Ponte Preta.
TERÇA - FEIRA 21 DE Maio de 2013 ás 20:00

Virada Cultural: Atrações infantis compõem a ‘Viradinha’ na Luz

Teatro de bonecos, espetáculos musicais e mais

 
divulgação
Espetáculos de bonecos serão algumas das atrações da Viradinha. Na foto, Grupo PiA FraUs

Os pais paulistanos, que normalmente acham perigoso andar com seus filhos pelo centro de São Paulo, terão motivos para levá-los ao coração da cidade durante a Virada Cultural. Os palcos Estação da Luz e Parque Jardim da Luz receberão a Viradinha, com atividades infantis ininterruptas das 15h do dia 18 de maio às 18h do 19.
 
Haverá apresentações musicais e teatrais, contação de histórias, show de mágica e outros tipos de intervenção artística. Além das atrações nos palcos, no domingo, das 11h às 15h, acontece a oficina “Pinturas Gigantes”, ministrada pela atriz e arte educadora Iara Jamra na praça do Parque. A atividade utiliza como material pincéis de um metro de comprimento, telas de plástico transparente, metros de papel craft, brocha, vassoura infantil, rolos de diversos tamanhos, trincha e baldes de tinta guache colorida.
 
Abaixo, confira a programação da Viradinha nos palcos Estação da Luz e Parque Jardim da Luz:
 
 
Palco Estação da Luz
Dia 18
15h: Grupo Barbatuques: “Tumpá”
17h – Banda Mirim: “Rádio Show”
19h – Palavra Cantada
21h – Língua de Trapo: “Dia 33″
23h – Fernandez Fierro (Atração da Argentina)
Dia 19
1h – Rascacielos (Atração da Argentina)
3h – El Arranque (Atração da Argentina)
5h – Juana Fé (Atração do Chile)
7h – 34 Puñaladas ( Atração da Argentina)
9h30 - Peixonauta
12h – Kleiton e Kleidir + Grupo Tholl: “Par ou Ímpar”
14h – Pequeno Cidadão
16h – André Abujamra: “Arca de Noé”
18h – Bixiga 70 e convidados: “Saltimbancos”
 
 
Palco Parque Jardim da Luz
Nos intervalos das atrações, haverá shows de palhaços, bonecos e circo.
Dia 1818h – Circo de Bonecos: “Circus”
20h – Bonecos Urbanos: “Só sonho Samba”
22h – Inimar dos Reis: “Terreiro de Folia”
24h – Inimar dos Reis: “Cortejo de Bonecos”
Dia 19
0h – Sarau Charles
2h – “O Conto do Anjo Caído” (bonecos para adultos)
3h – Cia do Fogo: “Dragão de Fogo”
4h – Cia do Fogo: “Intervenções de Pirofagia”
6h – Girasonhos: “Canta Girasonhos”
8h – Fuxico: “Histórias do Bem te vi”
8h – Circo Amarillo: “Experimento Circo”
9h – “Toc Patoc”
9h30 – Irmãos Becker: “Circo Malabarístico”
10h – PiA FraUs: “Gigantes de Ar”
10h – “O conto dos Pássaros”
11h – Namakaca: “Besouro Mutante”
11h às 17h- Kiara Terra: “Histórias para Inventar Cidades”
12h – Bonecos Urbanos: “No curso do rio”
12h30 – Muccioloco Circus: “Gari Muccioloco”
13h – Aqui (não) pode trocar!
14h – Grupo Sol: “Mulambolambo”
15h – “Caí, meu Corpo, meu Brinquedo”
16h – Abacirco: espetáculos de variedades
16h – Trupe Lona Preta: “O Concerto da Lona Preta”
17h – “O conto cantado”
18h – Núcleo Pé de Zamba: “Glocalidades”
 
Praça da Luz,
Luz - Centro
0800-550121/ (11) 3326-0775
Estação Luz (Metrô – Linha 1 Azul)
Estação Luz (CPTM – Linha 7 Rubi)
Rua Ribeiro de Lima, 99
Luz - Centro
(11) 3227-3545
Estação Tiradentes (Metrô – Linha 1 Azul)
Estação Luz (CPTM – Linha 7 Rubi)
As informações acima são de responsabilidade do estabelecimento e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.
 

Especial: Entrevista com Luciana Zaffalon Leme Cardoso, Ouvidora-Geral da Defensoria Pública de São Paulo

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“… a forma de elaboração da lista tríplice se constitui como primeiro desafio para as Defensorias que se vêem diante da bem vinda empreitada de criação de suas Ouvidorias. Este é também o principal espaço de violação por parte dos estados que optaram por atuar ilegalmente, afrontando os termos da Lei em nome da manutenção de uma gestão opaca”.
Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental
Sexta-feira passada, 10 de maio, publicamos matéria sobre o Relatório da Pesquisa realizada pela Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública de São Paulo, divulgado na véspera pela Ouvidora-Geral Luciana Zaffalon Leme Cardoso. Com gráficos e análises que podem ser baixados na íntegra, a pesquisa teve como objetivo principal estabelecer quem é o/a Usuário/a da Defensoria e quais suas opiniões sobre o atendimento e os serviços prestados, obviamente no sentido de aprimorá-los.
Nesta entrevista por e-mail a Combate Racismo Ambiental, Luciana Zaffalon fala um pouco sobre os desafios que a pesquisa aponta. Dentre eles, destaca a escalada alarmante de assassinatos de negros (“comumente identificado como massacre da população pobre, preta e periférica”) e a violência contra as mulheres como questões fundamentais a serem tratadas pela Defensoria Pública.
A entrevista não se limita à pesquisa e à situação de São Paulo, entretanto. Luciana, que até 27 de fevereiro era também Presidente do Colégio Nacional de Ouvidorias Gerais das Defensorias Públicas (e continua colaborando com a nova gestão, agora como Diretora de Assuntos Legislativos), fala também sobre a importância das Ouvidorias já criadas em outros estados. E, a nosso pedido, comenta o caso de Defensorias como a do Rio de Janeiro, que se nega a cumprir as leis e a criar sua Ouvidoria Geral Externa. Atitude ilegal e corporativista que, na opinião deste Blog, constitui também uma violência contra a sociedade civil e a democratização do sistema de Justiça.
Combate: Ficou claro, na pesquisa, que há resultados ultra gratificantes, mas há também pendências a corrigir. Quais você destacaria e por qual motivo, de um lado e de outro?
Luciana Zaffalon - Os resultados da Pesquisa nos apontam alguns desafios estruturantes, que precisam ser encarados com seriedade, e como prioridades, para que os direitos dos Usuários e Usuárias possam ser garantidos.
A criação de uma política institucional de informação ativa sobre o andamento dos casos se mostra essencial à gestão do fluxo de pessoas e se alinha à necessária garantia do direito do Usuário, fator primeiro que deve balizar a priorização institucional.
A Lei de Acesso à Informação deve ser pensada com relação ao atendimento do Usuário direto do serviço, e eles e elas nos dizem o que vêm buscar na Defensoria: 68,5% voltam para receber informações sobre os processos; 57% dos Usuários também não sabem o nome do Defensor que cuida do seu caso.
Importante destacar que não há hoje, na Defensoria de São Paulo, políticas institucionais pautadas pelos recortes de gênero e raça, e isso precisa ser mudado. A adoção de políticas específicas é um imperativo diante da verificação de uma maior procura pelo acesso à justiça por mulheres (73%), e da marcante presença de negros e pardos (47%).
A responsabilidade de identificar e promover maior aproximação entre as necessidades das pessoas empobrecidas e o Sistema de Justiça restou, de acordo com a Constituição Federal, a cargo da Defensoria Pública.
O alarmante número de mortes de negros (retratado em diversas publicações, a exemplo do Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil[1]), por sua notória escalada no Estado de São Paulo, tem sido aqui comumente identificado como massacre da população pobre, preta e periférica e também se configura como elemento caro à nossa análise: a verificação da expressiva presença de pretos e pardos no grupo de entrevistados se configura como uma singular oportunidade para a reafirmação do diferenciado papel institucional que a Constituição atribuiu à Defensoria.
O mesmo se diz com relação às mulheres: a proposta mais votada no III Ciclo de Conferências da Defensoria de SP traz o seguinte enunciado: a mulher vítima de violência doméstica, por se encontrar em situação de vulnerabilidade, será sempre atendida pela Defensoria Pública, independente da renda, conforme prevê o artigo 28 da Lei Federal nº 11.340/2006, inclusive na fase policial.
Os desafios estão postos e se configuram como a principal contribuição do Relatório da pesquisa.
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Combate: Embora a predominância de gênero me pareça explicável (mas gostaria que falasse sobre isso), para mim foi inesperada a divisão quase por igual entre brancos e negros (autodenominados pretos ou pardos). A quê você atribui esse resultado?
Luciana Zaffalon - Acho que acabei me empolgando na resposta anterior e já falei sobre isso…
Combate: A DP não está presente em outros municípios de São Paulo? Se está, por que a pesquisa ficou restrita a esses quatro? Os ótimos Defensores que atuam no Vale do Ribeira, por exemplo, não estão inseridos na DP de Registro? Ou estou enganada?
Luciana Zaffalon - Idealmente a pesquisa deveria ser aplicada em todas as Unidades da Defensoria, o que só não conseguimos efetivar por falta de estrutura na Ouvidoria. O Projeto como um todo só foi possível porque pudemos contar com valiosos parceiros voluntários que nos deram suporte e trabalharam conosco em todas as fases da Pesquisa, fazendo desta empreitada uma construção rigorosamente coletiva.
Duas premissas foram delineadas: 1) para sua plena validade a pesquisa não poderia ser aplicada por integrantes dos quadros da Defensoria Pública; e 2) deveria evitar-se o deslocamento de membros da já sobrecarregada equipe da Ouvidoria para a aplicação dos questionários locais, na perspectiva de não impactar a rotina diária do órgão.
A primeira premissa foi rigorosamente efetivada. A ideia de não deslocar membros da equipe da Ouvidoria para este trabalho, contudo, não pôde ser contemplada. O então Assistente Técnico II da Ouvidoria, Aristeu Bertelli, esteve, durante a fase de aplicação dos questionários, integralmente empenhado nesta construção, e o resultado final só foi possível porque a equipe da Ouvidoria como um todo se comprometeu com o projeto e se desdobrou para dar conta da demanda em geral.
Os parceiros e parceiras, que trabalharam voluntariamente, viabilizaram a concretização da Pesquisa: da aplicação do questionário à sistematização de dados. Este cenário demonstra a necessidade de investimento institucional na Ouvidoria, mas também explicita o largo apoio social ao projeto, o que celebramos!
Combate: Como está, atualmente, a proporcionalidade DPs x advogados da OAB? Soube que a DP vai poder contratar um bom número de novos Defensores. Isso vai significar o quê, em termos de resultados e considerando a pesquisa?
Luciana Zaffalon - O cenário do Estado de São Paulo, em resumo, se configura hoje da seguinte forma: temos, atuando no Sistema de Justiça, cerca de 2.000 juízes, 1.800 promotores e 600 defensores – quadro que chegará a 900 Defensores quando os cargos já criados forem todos providos.
O patamar de advogados conveniados, que atuam complementarmente na prestação de assistência jurídica por força do convênio mantido pela Defensoria com a OAB, é de cerca de 50.000 advogados. Apesar de a exclusividade deste convênio ter sido superada, com o julgamento da ADIN pelo STF no ano passado, a dificuldade de equacionamento dos problemas vinculados à garantia de acesso à justiça aqui está longe de ser passado.
A Ouvidoria, juntamente com seu Conselho Consultivo, e com diversos movimentos sociais e populares, tem acompanhado de perto o processo participativo de expansão da Defensoria.
Entendemos que a construção do planejamento de fortalecimento e crescimento institucional deve, necessariamente, se pautar pela demanda dos destinatários dos serviços da Defensoria, o que se relaciona diretamente com o Resultado da Pesquisa e também com os resultados dos Ciclos de Conferências da Defensoria.
Creio que a manifestação que apresentamos como subsidio para os debates sobre os 100 primeiros cargos ilustre bem esta construção: Planejamento de expansão da Defensoria Pública de SP.
Combate: Esse tipo de pesquisa, que com certeza é decisivo para a correção de equívocos e a melhoria dos serviços prestados, acontece em todos os estados onde há Ouvidorias Gerais Externas?
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Luciana Zaffalon - A Lei Complementar Federal 132/2009, que criou as Ouvidorias Externas nas Defensorias, prevê que a realização de pesquisas desta natureza é um dever das Ouvidorias, contudo, se mesmo em São Paulo, onde temos a Ouvidoria mais antiga, as dificuldades de estrutura e equipe se colocam como um imperativo, nos outros Estados este desafio é ainda maior, já que a caminhada começa com a construção das próprias Ouvidorias.
Válido fazer um registro necessário a esta análise: o Conselho Consultivo da Ouvidoria da Defensoria de São Paulo foi fundamental para que a Pesquisa acontecesse.
A estruturação de um Conselho Consultivo composto por pessoas que acumulam tanto a vivência social de base, quanto carreguem o conhecimento técnico necessário às prementes intervenções, corrobora o modelo de Ouvidoria Externa. Contudo, algumas Ouvidorias têm enfrentado enorme resistência institucional com relação a criação de seus Conselhos, o que sem dúvida impacta a possibilidade não só de realizar pesquisas, mas de exercer uma gestão plena.
Combate: Saindo do assunto um pouquinho, você deixou há pouco tempo (27 de fevereiro) a presidência do Colégio Nacional de Ouvidorias Gerais das Defensorias Públicas. Algumas ouvidorias foram criadas na sua gestão, não? E você teve uma ótima participação na luta por uma Ouvidoria Externa para a DPU, há exatamente um ano. Como está isso, aliás? Não só em termos de DPU, como em termos de outros estados decidindo cumprir as leis do País?
Luciana Zaffalon - Tive a oportunidade de acompanhar, pelo Colégio de Ouvidorias, os processos vivenciados por alguns estados. Alguns destes já caminharam para a instalação da Ouvidoria, como é o caso do Ceará e do Maranhão, e outros ainda estão construindo seus caminhos, como no caso de Pernambuco e Minas Gerais.
Além do significativo aspecto de adaptação institucional à própria ideia e concepção de incorporação, em já pacificadas estruturas organizacionais, de um novo órgão, as Defensorias também se viram diante de desafios operacionais vinculados à implementação das Ouvidorias, que potencialmente se firmaria como sua ponte permanente com os movimentos e demandas sociais.
O texto legal provisiona os princípios gerais, cabendo aos estados, diante de suas realidades locais, avançar e normatizar sua concretização. Em outras palavras: prevê o artigo 105-B da Lei 132/2009, que “O Ouvidor-Geral será escolhido pelo Conselho Superior, dentre cidadãos de reputação ilibada, não integrante da Carreira, indicados em lista tríplice formada pela sociedade civil, para mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recondução.”, destacando em seguida que “§ 1º O Conselho Superior editará normas regulamentando a forma de elaboração da lista tríplice.”
Na esfera dos desafios operacionais vivenciados, a forma de elaboração da lista tríplice se constitui como primeiro desafio para as Defensorias que se vêem diante da bem vinda empreitada de criação de suas Ouvidorias. Este é também o principal espaço de violação por parte dos estados que optaram por atuar ilegalmente, afrontando os termos da Lei em nome da manutenção de uma gestão opaca.
Importante ressaltar que, uma vez elaborada e levada a cabo a lista tríplice, caberá, na prática, ao Ouvidor ou Ouvidora eleita (e aos movimentos sociais e populares envolvidos no processo de sua escolha, que comumente se estruturam como primeira composição dos respectivos Conselhos Consultivos), os contornos dos próximos passos do novo órgão, que estará, então, sob sua responsabilidade. À Defensoria importa o desafio de viabilizar esta sujeição, conduzindo um processo atento ao espírito da Lei 132, e o Colégio de Ouvidorias tem se colocado à disposição para que este momento se dê da melhor forma possível, em diálogo com a experiência acumulada.
Contam hoje com Ouvidorias Externas em pleno funcionamento as seguintes Defensorias Públicas, em ordem cronológica de suas implementações: São Paulo, Bahia, Acre, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão e Distrito Federal.
A Defensoria Pública da União, que pela Lei Complementar 132/2009 não estava obrigada a dar este passo, diante dos avanços democratizantes que o modelo trouxe, por iniciativa própria aprovou uma Deliberação, construída em um rico e participativo processo que tramitou no Conselho Superior da instituição, que cria a Ouvidoria Externa do Órgão. O entrave agora se volta à disponibilização do cargo para que o processo de escolha possa ser deflagrado.
Em breve haverá eleição para Defensoria-Geral da DPU, e creio que o projeto de implementação da Ouvidoria poderia ser um bom debate a ser travado neste momento.
Combate: O que nós, enquanto sociedade civil, podemos esperar de apoio do Colégio na nossa cobrança em estados como o Rio de Janeiro e a Paraíba, que se negam a cumprir a Lei 132/2009 e a LEC 80/1994?
Luciana Zaffalon - Se os desafios operacionais vinculados à criação das ouvidorias externas têm sido tranquilamente superados pelas Defensorias estaduais, inclusive com apoio do Colégio de Ouvidorias de Defensorias Públicas do Brasil, é na atual administração da Defensoria Pública do Rio de Janeiro que se evidencia a máxima expressão dos desafios ideológicos que este novo modelo tem à sua frente.
O atual Defensor Público-Geral do Rio de Janeiro, que está em seu segundo mandato, quando da disputa eleitoral para assunção do cargo, divulgou ilustrativa declaração, constante de seu site de campanha:
“Sou contrário a Ouvidoria Externa. Aliás, esse é o pensamento da maioria esmagadora dos nossos colegas Defensores Públicos. No ano passado, eu e vários outros Defensores Públicos enviamos à categoria um manifesto intitulado ‘Defensores Públicos Independentes’, manifestando nossa recusa a essa bizarra modalidade de controle em desfavor apenas dos Defensores Públicos. Interessante que os colegas que apoiaram a criação da Ouvidoria Externa, hoje se posicionam contrários ou não assumem qualquer posicionamento, quando instados a se manifestarem sobre o tema, mas, em época de eleição, não poderíamos esperar outro comportamento. Teremos que minimizar o dano dessa mal-vinda Ouvidoria Externa e por isso, no Conselho Superior propus, e foi aprovado por maioria, que o Ouvidor Externo poderá ser destituído pelo Conselho Superior e não mais pela ALERJ, como no modelo anterior. Como venho dizendo, a Defensoria Pública ainda não está blindada e não podemos lançar experimentos que poderão ser desastrosos para os Defensores Públicos. Aliás, experiências que, muitas das vezes são criadas e decididas sem o amplo debate com toda a categoria. Agora, que se apresentem os responsáveis pela criação da Ouvidoria Externa. Penso que a nossa Ouvidoria deve ser mantida no modelo atual – evidentemente com uma melhor estruturação – com um aposentado a frente da mesma. Com uma pessoa estranha à carreira e que não conhece a dinâmica do nosso trabalho muita coisa ruim estará por vir e estaremos expondo a nossa Instituição à mídia sensacionalista”. [2]
Também tem origem no Rio de Janeiro a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº 4608/2011, iniciada pelo Partido Social Liberal – PSL, que questiona o modelo externo de Ouvidoria, reforçada, no mesmo ano, pela Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro – ADPERJ, que, na qualidade de amigo da corte, buscou se manifestar no processo reforçando os argumentos de referido Partido, advogando contrariamente ao modelo externo de Ouvidoria. Em 2012 ocorre renovação da Direção da ADPERJ e a nova gestão, depois de amplo debate sobre o tema, recorre ao STF para retirar o apoio da Associação à ADI.
A despeito do cenário do Rio de Janeiro, novo modelo de Ouvidoria tem sido larga e abertamente defendido pela sociedade civil organizada de forma geral e por importante parte da carreira de Defensores Público. É neste sentido que também requereram admissão, na qualidade de amigos da corte, na ADI nº 4608/2011, em ordem cronológica: o Instituto de Defesa do Direito de Defesa – IDDD; a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública de São Paulo, amparada pelo Núcleo de Justiça e Constituição da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas; os seguintes estados, na qualidade de membros do Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais: Acre, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima, São Paulo e Sergipe; além do Instituto Pro Bono e Conectas Direitos Humanos e, por fim, a Associação Nacional de Defensores Públicos.
O Colégio de Ouvidorias de Defensorias Públicas do Brasil, reafirmando seus princípios e buscando ver implementado o modelo efetivamente externo de Ouvidoria, declarou-se contrário à opção adotada pela Defensoria do Rio de Janeiro, não reconhecendo, assim, o Ouvidor-Defensor aposentado como seu integrante com legítimo direito a voto, direito que se restringe aos Ouvidores não integrantes da carreira, eleitos através de lista tríplice rigorosamente composta pela sociedade civil.
Importante notar também que, em contrapartida ao ilustrado movimento de recrudescimento desta que é a mais antiga Defensoria Pública do Brasil, se viu nascer, no ano de 2011, em solo carioca, o movimento chamado Fórum Justiça – reconhecimento, redistribuição e participação popular: por uma política judicial integradora.
O Fórum congrega Defensores Públicos, movimentos sociais e populares, acadêmicos, estudantes e operadores do direito de forma geral, e busca fomentar o debate e a construção política em torno de temas como a Ouvidoria Externa e outras formas de construção participativa dos rumos do Sistema de Justiça.
Em dezembro de 2011 se realizou a primeira reunião geral do Fórum Justiça, que resultou no “Pacto Fórum Justiça – Rio de Janeiro”, documento que apresenta o conjunto de caminhos e propostas formuladas a partir do compromisso com a inclusão de uma pauta popular, cidadã e substantiva para o sistema de justiça, destacando, dentre outros temas fundamentais, a proposta de Ouvidoria externa em todos os órgãos do sistema de justiça, não só reforçando, mas alargando o projeto de ouvidorias independentes.
A oposição capitaneada pela atual gestão da Defensoria do Rio de Janeiro foi reforçada pelo processo de escolha do primeiro ouvidor da Defensoria Pública do Estado da Paraíba, que, em processo iniciado em dezembro de 2012, seguindo a ilegalidade perpetrada pela Defensoria carioca, não garantiu à sociedade civil a prerrogativa que lhe é exclusiva de composição da lista tríplice, que restou elaborada por uma Comissão Julgadora integrada apenas por Defensores Públicos. Também lá restou eleito para o cargo um defensor aposentado, o que representa burla ao modelo que busca oxigenar e democratizar a instituição. Também uma taxa de R$ 80,00 (oitenta reais) foi indistintamente prevista como condição à candidatura ao cargo.
As distorções verificadas no Rio de Janeiro e na Paraíba estão na pauta de trabalho do Colégio de Ouvidorias, que busca a melhor forma de lidar com o tema e tem buscado parceiros locais para que as estratégias possam ser construídas conjuntamente. Ficamos, hoje e sempre, à disposição para aprofundar os debates.
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[2] Trecho de matéria veiculada sob o título “Nilson Bruno, desta vez, fala sobre a pauta institucional e corporativa, além da ouvidoria externa, dentre outros temas”, disponível em www.nilsonbruno.com.br/?p=190, endereço acessado pela última vez em 26 de fevereiro de 2012. Grifos originais.

Fonte: http://racismoambiental.net.br/2013/05/especial-entrevista-com-luciana-zaffalon-leme-cardoso-ouvidora-geral-da-defensoria-publica-de-sao-paulo/#.UZOaljTZsXA.facebook

VIII Prêmio África Brasil 2013

O Centro Cultural Africano promove o VIII Prêmio África Brasil 2013, que visa reconhecer e divulgar projetos e ações significativas que beneficiem diretamente comunidade afro-brasileira nas áreas. Na oportunidade será entregue o "Troféu MAMA ÁFRICA".

‘Territórios Tradicionais Negros: Desenvolvimento e Enfrentamento ao Racismo’ será o tema do seminário da SEPPIR em Belém

Evento acontece no dia 17 de maio, em Belém-PA, com participação da ministra Luiza Bairros na abertura. O seminário será transmitido ao vivo na Internet pelo endereço www.aids.gov.br/mediacenter
‘Territórios Tradicionais Negros: Desenvolvimento e Enfrentamento ao Racismo’ será o tema do seminário da SEPPIR em Belém
No seminário sobre "Desenvolvimento e Mulher Negra", em São Paulo (07/05), a doutora em Educação, Suely Carneiro, foi a palestrante da 1a mesa

Com o tema ‘Territórios Tradicionais Negros: Desenvolvimento e Enfrentamento ao Racismo’, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) realiza o quinto seminário de uma série que acontece desde março, para promover a reflexão e o diálogo sobre inclusão racial no país. O evento acontece no dia 17 de maio, de 9h às 18h, em Belém do Pará.

A atividade Integra a programação comemorativa dos dez anos de criação da SEPPIR e a etapa preparatória para a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – III CONAPIR, que acontece de 5 a 7 de novembro, em Brasília, com o tema Desenvolvimento e Democracia por um Brasil Afirmativo.

A abertura terá a presença da ministra da SEPPIR, Luiza Bairros, de representantes do governo do Estado e da Prefeitura Municipal, além da coordenadora de Igualdade de Gênero da Malungo – Coordenação das Associações das Comunidades Quilombolas do Pará, Luiza Betânia Alcântara, e da liderança tradicional de Matriz Africana, Mame’tu Nangetu, Oneide Monteiro Rodrigues.

A programação inclui duas mesas redondas. A primeira acontece a partir de 10h e tem como debatedores WandeAbimbola, professor emérito de Linguística e Línguas, fundador e presidente do Instituto do Patrimônio Ifá - Oyo, na Nigéria; Silas Nogueira, professor titular do Centro Universitário Moura Lacerda e pesquisador do CELACC-ECA-USP (Centro Latino-Americano de Comunicação e Cultura da Universidade de São Paulo); e Valdina Oliveira Pinto, professora, liderança tradicional de Matriz Africana, Makota Valdina.


A coordenação da mesa será feita por Silvany Euclênio, secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da SEPPIR.

Às 14h30, tem início a segunda mesa redonda, que tem como debatedores Débora Duprah, vice-procuradora Geral da República; Maria Rosalina Silva, vereadora de Queimada Nova/PI e titular da Coordenação Nacional de Quilombos – CONAQ; Alfredo Wagner, professor da Universidade do Estado do Amazonas, do Núcleo Cultura e Sociedades Amazônicas – CESTU e coordenador do Projeto Nova Cartografia Social. A mediação será de Edmilton Cerqueira, coordenador de Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA.

A programação segue com o debate, às 16h30, e o encerramento acontece às 18h.

Tempo real – O Seminário ‘Territórios Tradicionais Negros: Desenvolvimento e Enfrentamento ao Racismo’ terá transmissão on line pelo endereço www.aids.gov.br_mediacenter

Agenda – Para discutir ‘Oportunidades para a Juventude Negra’, Porto Alegre sedia o último evento da série, no dia 24 de maio.
Coordenação de Comunicação da SEPPIR

Entrevista do nosso amigo Paulo Reis // Casamento Gay: “Há cem, cento e cinquenta anos atrás, o cenário era mais obscuro e os homossexuais nem eram considerados humanos”

 
Por Eli Fernandes
 
“Há cem, cento e cinquenta anos atrás, o cenário era mais obscuro e os homossexuais nem eram considerados humanos”

Paulo Reis dos Santos coordenou as Políticas Públicas para a Diversidade Sexual da Prefeitura de Campinas e antes foi Coordenador do Centro de Referência de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). Hoje realiza a pesquisa “Homossexualismo e loucura na cidade de Campinas na primeira metade do século XX: A psiquiatria a serviço do dispositivo heteronormativo”.

Mas o tema da entrevista é a homossexualidade em outro início de século, agora, segunda década do novo milênio, quando o casamento gay, no Brasil, tornou-se uma norma. Paulo Reis é mas sou um dos fundadores do Grupo Identidade, de Campinas e da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que organiza a Parada Gay de São Paulo. Confira a íntegra da entrevista:

Eli Fernandes - O que você como ativista pelos direitos da Comunidade LGBT pensa sobre esta decisão do Conselho Nacional de Justiça que normatiza o casamento gay?

Paulo Reis dos Santos - Esta resolução do CNJ vem regulamentar a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que iguala as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo às uniões civis entre heterossexuais, mas ela ainda precisa ser publicada no “Diário da Justiça” e ainda não tem data prevista. Esta resolução determina que todos os cartórios civis do país realizem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esta decisão coloca o Brasil no século XXI. Ela é fruto de mais de três décadas de luta do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) pelo reconhecimento da cidadania desta população. Mas é bom salientar que ela se refere a um direito civil e à cidadania, sacramento é um ritual religioso e cada igreja ou responsável por ela decide se realiza este ritual ou não.

Em São Paulo a norma já vale por decisão do Tribunal de Justiça do Estado. Como está na prática o cumprimento?

Paulo Reis - A Prefeitura de Campinas através da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual e do Centro de Referência LGBT organizaram o primeiro casamento coletivo homoafetivo do Estado de São Paulo, em 21 de março. Após a realização de uma pesquisa constatamos que apenas dois dos cinco Cartórios da cidade realizavam o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Assim este casamento coletivo vinha sendo organizado desde meados de 2012 e tinha como fundamento divulgar a decisão do STF para a comunidade LGBT da cidade e forçar os Cartórios Civis da cidade a realizá-lo. No Brasil, até hoje competia ao Juiz Corregedor decidir se o Cartório realizaria ou não o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Exceção da Paraíba, Santa Catarina, Rio de Janeiro. Em São Paulo o casamento e união estável foram inseridos nas previsões das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo e passaram a valer em primeiro de março.

Qual o reflexo que estas conquistas podem trazer?

Paulo Reis - Agora os casais homoafetivos têm garantida uma série de direitos que antes eram reservados somente aos casais heterossexuais, como comunhão parcial de bens, pensão alimentícia, pensão do INSS, inclusão dos parceiros nos Planos de Saúde, declaração conjunta de Imposto de Renda, adoção conjunta etc. Segundo a ABGLT os casais do mesmo sexo até hoje tinham 78 direitos negados que agora o Estado Brasileiro passa a assegurar.

Você considera que vai trazer mais ou menos mobilização pela cidadania de LGBTs?

Paulo Reis - Não basta existir uma Lei, Norma, Decreto ou qualquer outro marco legal para que a cidadania das populações vulneráveis seja exercida e respeitada. Um texto é apenas um punhado de palavras, e para que elas passem a ter uma existência real é necessário que as pessoas se apropriem do seu conteúdo e se transformem em cidadãos e cidadãs, conhecedoras de seus direitos, então o trabalho da militância LGBT deverá ser focado da divulgação desta normativa. Mas não devemos nos esquecer de que vivemos numa época em que o fundamentalismo religioso tem ganhado muito espaço e que nós, comunidade LGBT, somos o alvo preferencial de suas ações. Agora eles pegarão mais pesado, ainda, e utilizarão esta decisão do CNJ como moeda de troca para aprovar projetos importantes para o governo federal e embargar a pauta de votação, além do que destilarão toda sorte de impropérios sobre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Como você compara os períodos, atual, da decisão do CNJ e a do recorte que você faz em sua pesquisa/tese?

Paulo Reis - Estou fazendo doutorado na Faculdade de Educação da Unicamp, no GEISH – Grupo de Estudo Interdisciplinar de Sexualidade Humana, onde pesquiso o discurso e a prática psiquiátrica sobre a homossexualidade na virada do século XIX para o XX. Nesta época o homossexualismo era considerado uma doença catalogada. Estou pesquisando os prontuários dos sanatórios e hospitais psiquiátricos onde busco descortinar qual o tratamento dispensado para a cura da homossexualidade. Nesta época o Brasil vivia a primeira onda da República e com ela uma necessidade de modernização das cidades pairava no ar. E a modernidade exigia um controle dos corpos e a heterossexualidade foi elevada à norma, onde os casais deveriam procriar, pois o país precisava de braços para a indústria e para o desenvolvimento da nação. Os sodomitas, condenados pela igreja se transformaram em degenerados que precisavam ser conduzidos à norma heterossexual. Hoje o cenário é outro: Em 1973 a APA (American Psychiatric Association) retirou a homossexualidade do seu "Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais” (DSM); em 1975 foi a vez da Associação Americana de Psicologia retirá-la do rol de transtornos mentais; em 1985 foi o Conselho Federal de Medicina brasileiro que a eliminou da condição de desvio sexual; em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças, CID– 10; em 1991, a Anistia Internacional passou a catalogar a discriminação contra homossexuais como uma violação aos Direitos Humanos. Em 1999, no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia estabeleceu a Resolução 001/99, que regulamentou a prática do psicólogo na questão da diversidade sexual, proibindo qualquer patologização da homossexualidade por parte dos psicólogos.
Em 2004, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, lançou o Programa Brasil sem Homofobia; em 2006, com o tema "Homofobia é Crime! Direitos Sexuais são Direitos Humanos", a Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de São Paulo, com público estimado pela Polícia Militar de 2,5 milhões de pessoas. Os organizadores estimaram em três milhões. Entrou para o Guiness Bookcomo a maior Parada Gay do mundo. Em cinco de maio de 2011 os ministros do STF - Supremo Tribunal Federal -reconheceram que a união estável entre pessoas do mesmo sexo é uma "família" e equipararam-na juridicamente a união estável de um casal heterossexual, abrindo precedentes para a regulamentação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E hoje o Conselho Nacional de Justiça O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aprovou a resolução que determina que cartórios civis sejam obrigados a celebrar casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Digo tudo isto para deixar claro que há cem, cento e cinquenta anos atrás, o cenário era mais obscuro e os homossexuais nem eram considerados humanos. O movimento LGBT lutou muito, alcançou grandes conquistas, mas ainda há muito a ser conquistado para que desejos e afetos não diferenciem humanos.
 
 
Fonte: http://eli-fernandes.blogspot.com.br/2013/05/casamento-gay-ha-cem-cento-e-cinquenta.html